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16 setembro, 2017

17-setembro-2017  -  24º Domingo do Tempo Comum - Mt 18,21-35

A Palavra de Deus que a liturgia do 24º Domingo do Tempo Comum nos propõe fala do perdão. Apresenta-nos um Deus que ama sem cálculos, sem limites e sem medida; e nos convida a assumir uma atitude semelhante para com os irmãos que, dia a dia, caminham ao nosso lado.  O Evangelho nos fala de um Deus cheio de bondade e de misericórdia que derrama sobre os seus filhos – de forma total, ilimitada e absoluta – o seu perdão. Os crentes são convidados a descobrir a lógica de Deus e a deixarem que a mesma lógica de perdão e de misericórdia sem limites e sem medida marque a sua relação com os irmãos.  A primeira leitura deixa claro que a ira e o rancor são sentimentos maus, que não convêm à felicidade e à realização do homem. Mostra como é ilógico esperar o perdão de Deus e recusar-se a perdoar ao irmão; e avisa que a nossa vida nesta terra não pode ser estragada com sentimentos, que só geram infelicidade e sofrimento.  Na segunda leitura Paulo sugere aos cristãos de Roma que a comunidade cristã tem que ser o lugar do amor, do respeito pelo outro, da aceitação das diferenças, do perdão. Ninguém deve desprezar,  julgar ou condenar os irmãos que têm perspectivas diferentes. Os seguidores de Jesus devem ter presente que há algo de fundamental que os une a todos: Jesus Cristo, o Senhor. Tudo o resto não tem grande importância.
Reflexão:
 - O Evangelho deste domingo é sobre a necessidade de perdoar sempre, de forma radical e ilimitada. Trata-se – todos estamos conscientes do fato – de uma das exigências mais difíceis que Jesus nos faz. No entanto não há, neste campo, meias palavras, dúvidas, evasivas, desculpas: trata-se de um valor fundamental da proposta de Jesus. Ele deu testemunho, em gestos concretos, do amor, da bondade e da misericórdia do Pai. Na cruz, ele morreu pedindo perdão para os seus assassinos… Ora o cristão é, antes de mais nada, um seguidor de Jesus. Pessoalmente, como é que me situo face a isto?
 - O perdão e a misericórdia tornam-se ainda mais complicados à luz dos valores que presidem à construção do nosso mundo. O “mundo” considera que perdoar é próprio dos fracos, dos vencidos, dos que desistem de impor a sua personalidade e a sua visão do mundo; Deus considera que perdoar é dos fortes, dos que sabem o que é verdadeiramente importante, dos que estão dispostos a renunciar ao seu orgulho e auto-suficiência para apostar num mundo novo, marcado por relações novas e verdadeiras entre os homens. Na verdade, a lógica do mundo só tem aumentado a espiral de violência, de injustiça, de morte; a lógica de Deus tem ajudado a mudar os corações e frutificado em gestos de amor, de partilha, de diálogo e de comunhão. Para mim, qual destas duas propostas faz mais sentido? Qual destes dois caminhos pode ajudar a instaurar uma realidade mais humana, mais harmoniosa, mais feliz?
 - O que significa, realmente, perdoar? Significa ceder sempre diante daqueles que nos magoam e nos ofendem? Significa encolher os ombros e seguir adiante quando nos confrontamos com uma situação que causa morte e sofrimento a nós ou a outros nossos irmãos? Significa “deixar correr” enquanto forem coisas que não nos afetem diretamente? Significa pactuar com a injustiça e a opressão? Significa tolerar tudo num silêncio feito de covardia e de conformismo?
Não. O perdão não pode ser confundido com passividade, com alienação, com conformismo, com covardia, com indiferença… O cristão, diante da injustiça e da maldade, não esconde a cabeça na areia, fingindo que não viu nada… O cristão não aceita o pecado e não se cala diante do que está errado; mas não guarda rancor para com o irmão que falhou, nem permite que as falhas derrubem as possibilidades de encontro, de comunhão, de diálogo, de partilha… Perdoar não significa isolar-se num silêncio ofendido, ou demitir-se das responsabilidades na construção de um mundo novo e melhor; mas significa estar sempre disposto a ir ao encontro, a estender a mão, a recomeçar o diálogo, a dar outra oportunidade.
Este Evangelho nos recorda – talvez ainda de forma mais clara e concludente – aquilo que a primeira leitura já sugeria: quem faz a experiência do perdão de Deus, envolve-se numa lógica de misericórdia que tem, necessariamente, implicações na forma de abordar os irmãos que falharam. Não podemos dizer que Deus não perdoa a quem é incapaz de perdoar aos irmãos; mas podemos dizer que experimentar o amor de Deus e deixar-se transformar por Ele significa assumir uma outra atitude para com os irmãos, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pela misericórdia, pelo acolhimento, pelo amor.
Oração 
Pai misericordioso, nós Te bendizemos pela longa aprendizagem ao perdão na qual formaste o teu povo desde o tempo de Moisés. Nós Te louvamos pela pedagogia da misericórdia e pelas mensagens de paz.  Nós Te pedimos por todas as populações ainda submetidas ao ciclo infernal do ódio, do terrorismo, do rancor e da vingança cega.

Cristo ressuscitado, Senhor dos mortos e dos vivos, bendito sejas pelo teu caminho de Páscoa: Tu conheceste a morte, para dela nos libertares e nos fazeres partilhar a vida nova que manifestaste pela tua ressurreição. Nós Te pedimos por todos os batizados: demos-Te a nossa fé, aderimos a Ti. Que o teu Espírito nos faça viver para Ti.
Pai do céu, Deus de paciência, Tu que perdoaste a nossa imensa dívida, bendito sejas pelo perdão que liberta das cadeias e livra do desespero. Nós Te pedimos: que o teu Reino venha aos nossos corações, que todas as nossas comunidades manifestem a presença do teu Reino na nossa terra, como um reino de paz, em que o perdão é dado do fundo do coração.
Meditação para a semana. . .
«Senhor, quantas vezes devo perdoar?»


A resposta de Jesus não tem nada de matemática e o perdão que Ele nos propõe para oferecer aos nossos irmãos é ilimitado – por vezes também muito difícil. Nesta semana, poderíamos retomar o salmo 102 na oração e nos deixarmos habitar – impregnar, modelar – pelos seus ensinamentos  de ternura, de perdão, de amor, que nos revelam o Coração d’Aquele que nos convida a perdoar como Ele nos perdoa.
fonte:
www:dehoianos.org

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