26-fevereiro-2017 - 8º Domingo do Tempo Comum - Mt 6, 24-34
A liturgia nos propõe uma reflexão sobre as nossas
prioridades. Recomenda que dirijamos o nosso olhar para o que é verdadeiramente
importante e que libertemos o nosso coração da tirania dos bens materiais. De
resto, o cristão não vive obcecado com os bens mais primários, pois tem
absoluta confiança nesse Deus que cuida dos seus filhos com a solicitude de um
pai e o amor gratuito e incondicional de uma mãe. O Evangelho nos convida a buscar o essencial (o “Reino”) por
entre a enorme bateria de coisas secundárias que, dia a dia, ocupam o nosso
interesse. Nos garante, igualmente, que
escolher o essencial não é negligenciar o resto: o nosso Deus é um pai cheio de
solicitude pelos seus filhos, que provê com amor às suas necessidades. A primeira leitura sublinha a solicitude e o
amor de Deus, desta vez recorrendo à imagem da maternidade: a mãe ama o filho,
com um amor instintivo, avassalador, eterno, gratuito, incondicional; e o amor
de Deus mantém as características do amor da mãe pelo filho, mas em grau
infinito. Por isso, temos a certeza de que Ele nunca abandonará os homens e
manterá para sempre a aliança que fez com o seu Povo. Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos
de Corinto a fixarem o seu olhar no essencial (a proposta de
salvação/libertação que, em Jesus, Deus fez aos homens) e não no acessório (os
veículos da mensagem).
Reflexão:
• A primeira grande questão que, neste texto, Jesus nos
coloca é a questão das nossas prioridades. Dia a dia somos bombardeados com um conjunto
de propostas mais ou menos aliciantes, que nos oferecem a chave da felicidade e
da vida plena: o dinheiro, o êxito profissional, o progresso na carreira, a
beleza física, os aplausos das multidões, o poder… E estes ou outros valores
semelhantes – servidos por técnicas de publicidade enganosa – tornam-se o “objetivo
final” na vida de tantos dos nossos contemporâneos. No entanto, Jesus nos garante
que a vida plena não está aqui e que, se estes valores se tornam a nossa
prioridade fundamental, a nossa vida terá sido um tremendo equívoco. Para
Jesus, é no “Reino” – isto é, na aposta incondicional em Deus e no acolhimento
do seu projeto de salvação/libertação – que está o segredo da nossa realização
plena. Quais são as minhas prioridades? Em que é que eu tenho apostado
incondicionalmente a minha vida?
• As propostas equívocas de felicidade criam, muitas
vezes, desorientação e confusão. Ao encherem o coração do homem de ídolos com
pés de barro, afastam o homem de Deus e deixam-no perdido e sem referências, só
diante de um mundo hostil – como criança perdida, indefesa, impotente. Jesus nos
lembra, porém, que Deus é um Pai cheio de solicitude e de amor, permanentemente
atento às necessidades dos filhos (Ele até veste os lírios do campo e alimenta
as aves do céu…). Ele nos convida a colocar a nossa confiança e a nossa
esperança nesse Pai que nos ama e a enfrentar o dia a dia com essa serena
confiança que nos vem da certeza de que Deus é nosso Pai, conhece as nossas
dores e necessidades e nos pega ao colo nos momentos mais dramáticos da nossa
caminhada.
• A referência à incompatibilidade entre Deus e o
dinheiro nos convida a uma particular reflexão neste campo… O dinheiro é, hoje,
o verdadeiro centro do poder no mundo. Ele compra consciências, poder,
bem-estar, projeção social, reconhecimento e até compra amor. Por ele mata-se, pisa-se
sobre os valores mais fundamentais,
renuncia-se à própria dignidade, envenena-se o ambiente (que interessa o buraco
do ozonio, a poluição dos rios, o desaparecimento das florestas, se isso fizer
mais ricos os donos do mundo…), escravizam-se os irmãos. Quando a lógica do
“ter mais” entra no coração do homem e o domina, o homem torna-se escravo e,
por sua vez, leva a escravidão aos outros homens. Torna-se injusto, prepotente
e explorador, passa indiferente ao lado dos irmãos que vivem abaixo do limiar
da dignidade humana, deixa de ter tempo para gastar com aqueles que ama (o amor do dinheiro sobrepõe-se a
todos os outros amores), relega Deus para a lista dos valores secundários, acha
o “Reino” proposto por Jesus “uma absurda quimera”. Como nos situamos face a
isto? Se tivermos que optar (não em termos teóricos, mas nas situações
concretas da vida) entre o dinheiro e os valores do “Reino”, qual é que
escolhemos?
fonte:
www.dehonianos.org
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