11-dezembro-2016 - 3º Domingo do Advento - Mt 11,2-11
A liturgia nos lembra a proximidade da intervenção libertadora
de Deus e acende a esperança no coração dos cristãos. Nos diz: “não vos
inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está chegando”. A primeira leitura anuncia a chegada de Deus,
para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir – num cenário
de alegria e de festa – para a terra da liberdade. O Evangelho nos descreve, de forma bem
sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento):
Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento,
curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos,
anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este quadro de
vida nova e de esperança que Jesus vai nos oferecer. A segunda leitura nos convida a não deixar
que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor
com paciência e confiança.
Reflexão:
• O texto identifica Jesus com a presença salvadora e
libertadora de Deus no meio dos homens. Neste tempo de espera, somos convidados
a aguardar a sua chegada, com a certeza de que Deus não nos abandonou, mas
continua a vir ao nosso encontro e a nos oferecer a salvação.
• Os “sinais” que Jesus realizou enquanto esteve entre
nós têm que continuar a acontecer na história; agora, são os discípulos de Jesus
que têm de continuar a sua missão e de perpetuar no mundo, em nome de Jesus, a
ação libertadora de Deus. Os que vivem amarrados ao desespero de uma doença
incurável encontram em nós um sinal vivo do Cristo libertador que lhes traz a
salvação? Os “surdos”, fechados num mundo sem comunicação e sem diálogo,
encontram em nós a Palavra viva de Deus que os desperta para a comunhão e para
o amor? Os “cegos”, encerrados nas trevas do egoísmo ou da violência, encontram
em nós o desafio que Deus lhes apresenta de abrir os olhos à luz? Os “coxos”,
privados de movimento e de liberdade, escondidos atrás das grades em que a
sociedade os encerra, encontram em nós a Boa Nova da liberdade? Os “pobres”,
marginalizados, sem voz nem dignidade, sentem em nós o amor de Deus?
• Mais uma vez, somos interpelados e questionados pela
figura vertical e coerente de João… Ele não é um pregador da moda, cujas ideias
variam conforme as flutuações da opinião pública ou os interesses dos
poderosos; nem é um charlatão bem vestido, que prega para ganhar dinheiro, para
defender os seus interesses, ou para ter uma vida cômoda e sem grandes
exigências… Mas é um profeta, que recebeu de Deus uma missão e que procura
cumpri-la, com fidelidade e sem medo. A minha vida e o meu testemunho profético
cumprem-se com a mesma verticalidade e honestidade, ou estou disposto e
vender-me a interesses menos próprios, se isso me trouxer benefícios?
• A “dúvida” de João acerca da messianidade de Jesus não é chocante, mas é sinal de uma
profunda honestidade… Devemos ter mais medo daqueles que têm certezas irremovíveis,
que estão absolutamente certos das suas verdades e dos seus dogmas, do que
daqueles que procuram, honestamente, as respostas às questões que a vida todos
os dias põe. Sou um fundamentalista, que nunca se engana e raramente tem
dúvidas, ou alguém que sabe que não tem o monopólio da verdade, que ouve os
irmãos, e que procura, com eles, descobrir o caminho verdadeiro?
Aos homens que reconhecem a sua fragilidade, Deus
manifesta o seu poder. Não é frequente reconhecermos os nossos desvios, os
nossos erros, a nossa fragilidade, a nossa vulnerabilidade. Porém, isso seria
reconhecer simplesmente a nossa humanidade… Os pais não se desonram ao
reconhecer diante dos seus filhos que se enganaram. A Igreja não se rebaixa ao
reconhecer os seus erros do passado; ao contrário, eleva-se. Os cristãos não se
entristecem ao reconhecer o seu pecado; ao contrário, dão a Deus a alegria de
os perdoar. Deixemos Deus manifestar o seu poder, concedendo-nos o seu perdão!
Basta que nos reconheçamos frágeis. E então a nossa fragilidade mudar-se-á em
força. De frágeis tornar-nos-emos fortes, fortes de ser amados.
ORAÇÃO
Deus nosso Salvador, gritamos a nossa alegria e exultamos, porque vens até nós,
como outrora, quando pelos profetas anunciaste ao teu povo exilado o fim da
provação e o regresso do cativeiro. Nós Te pedimos pelos infelizes e
desencorajados: fortifica as mãos cansados, torna firmes os joelhos dobrados,
ilumina os seus rostos.
Nós Te bendizemos pela tua paciência: como o agricultor,
Tu preparaste a terra e lançaste a semente da Boa Nova. Nós Te pedimos pelas
nossas comunidades: que o teu Espírito nos livre de gemer uns contra os outros,
que Ele nos fortaleça na concórdia e nos guie na preparação de uma nova terra.
Nós Te damos graças por João Baptista, por quem
preparaste o caminho para o teu Filho e manifestaste o cumprimento das
Escrituras. Nós Te suplicamos por
aqueles cuja vista está tapada, os passos incertos, a vida envenenada… novos
leprosos presentes nos nossos caminhos. Que o teu Espírito nos inspire as
palavras e os gestos capazes de os conduzir à tua presença.
Meditação para a semana . . .
Paciência! Uma palavra em total sentido contrário aos nossos comportamentos:
exigimos tudo, imediatamente! Dois milênios em que esperamos a vinda do Senhor!
Ainda não veio! Mas já está! Renovemos, reajustemos o nosso olhar de fé e
redescubramo-lo bem presente, e em ação, em lugares em que tantas vezes não
esperávamos encontrá-lo! Sempre em atitude de alegria e de esperança!
Este terceiro domingo do Advento é o domingo da alegria.
O movimento internacional “Pax Christi” convida-nos a rezar pela paz em
particular neste dia. A paz e a alegria: duas grandes riquezas que queremos
para o nosso mundo.
fonte:
www.dehonianos.org
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