A liturgia nos convida a despir esses valores efêmeros e
egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e a realizar uma
revolução da nossa mentalidade, de forma a que os valores fundamentais que
marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”.
Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da
descendência de David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a
sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão
definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos. No
Evangelho, João Batista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito
próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida
os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de
que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele
que vem” (Jesus) vai propor aos homens um batismo “no Espírito Santo e no fogo”
que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”. A
segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”:
sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho
de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os
irmãos mais fracos, a exemplo de Jesus.
Reflexão:
• A questão dominante que o Evangelho nos apresenta é a da conversão. Não é
possível acolher “aquele que vem” se o nosso coração estiver cheio de egoísmo,
de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais… É
preciso, portanto, uma mudança da nossa mentalidade, dos nossos valores, dos
nossos comportamentos, das nossas atitudes, das nossas palavras; é preciso um
despojamento de tudo o que rouba espaço ao “Senhor que vem”. Estou disposto a
esta mudança, para que no meu coração haja lugar para Jesus? O que é que,
prioritariamente, deve mudar na minha vida?
• A figura de João Baptista nos obriga a questionar as nossas prioridades e
valores fundamentais. Ele não se apresenta de “smoking”, pois a sua prioridade
não é brilhar em alguma festa da “sociedade” nem usa gravata e camisa de seda,
pois a sua prioridade não é impressionar os chefes ou mostrar que é um homem de
sucesso em termos de ganhos anuais; nem petisca pratos delicados com molhos
esquisitos e nomes franceses, pois a sua prioridade não é a satisfação de
apetites físicos; nem promete bem-estar e riqueza aos seus interlocutores, pois
a sua prioridade não é receber aplausos das massas; nem busca o apoio da
hierarquia civil ou religiosa, pois a sua prioridade não é o triunfo, as
honras, o poder… João Batista é alguém para quem a prioridade é o anúncio do
“Reino dos céus”. Ora, o “Reino” é despojamento, simplicidade, amor total,
partilha, doação da vida… São esses valores que ele procura anunciar, com
palavras e com atitudes. E quanto a mim, quais são os valores que me fazem
“correr”? Quais são as minhas prioridades? Os meus valores são os valores do
“Reino” ou são esses valores efêmeros e fúteis a que a civilização ocidental dá
tanta importância, mas que não trazem nada de duradouro e de verdadeiro à vida
dos homens?
• O texto deixa claro que não basta ser “filho de Abraão” para ter acesso à
salvação que Jesus veio oferecer, mas é preciso viver uma vida de fidelidade a
Deus. Quer dizer: não basta ter o nome inscrito no livro de registros de batismo
da paróquia, nem ter casado na Igreja, nem ter posto os filhos na catequese e
aparecer lá para tirar fotografias na festa da primeira comunhão (o estatuto do
“cristão não praticante” faz tanto sentido como um círculo quadrado); mas é
preciso uma conversão séria, empenhada, nunca terminada ao “Reino” e aos seus
valores e uma vida coerente com a fé que escolhemos quando fomos batizados.
• João deixa claro que receber o batismo de Jesus é receber o batismo do
Espírito… Equivale a aceitar ser “filho de Deus”, a viver em comunhão com Deus,
no amor e na partilha com os irmãos que caminham ao nosso lado. É esse o
caminho que eu procuro, dia a dia, percorrer?
Aos homens à procura de um coração novo, Deus dá uma
terra nova. Jesus veio para falar de novidade: “Convertei-vos! Acreditai na Boa
Nova!” Temos necessidade de ouvir palavras novas (ternura, amor, perdão,
solidariedade, respeito…) que façam calar as palavras antigas (violência, ódio,
vingança, indiferença, racismo…). Temos necessidade de ver gestos novos
(assinatura de paz, reconciliação, doação, partilha…) que façam desaparecer os
gestos antigos (declaração de guerra, rancor, egoísmo…). Preparar-se para o Natal… não será
dispor-se a falar uma linguagem nova e a fazer atos novos? Isso será a nossa
maneira de acolher Aquele que vem fazer todas as coisas novas. Mas não as fará
sem nós…
ORAÇÃO
Bendito sejas, nosso Pai, por nos teres enviado e dado o
teu Filho Jesus. Nele reconhecemos a plenitude do teu Espírito: sabedoria,
discernimento, conselho, fortaleza, conhecimento e piedade. Nós Te pedimos pela
nossa terra: que o conhecimento de Jesus lhe obtenha a paz, realizando o tempo
em que o lobo habitará com o cordeiro.
Nós Te bendizemos pelos livros santos que lemos nas nossas assembleias e pelo
dom do teu Filho, que Se fez servidor da nossa humanidade e nos acolheu, apesar
dos nossos pecados.Nós Te pedimos por todas as comunidades cristãs: faz com que
estejamos de acordo e vivamos em comunhão segundo o teu Espírito Santo.
Nós Te damos graças por João Batista, o precursor, pelos apelos à conversão e
pelo batismo no Espírito, que nos incorporou no teu Filho. Abrimos as mãos para
Ti e pedimos-Te ainda por nós mesmos: pelo teu Espírito, produza em nos nossos corações os frutos que esperas.
Meditação para a semana. . .
Convertei-vos!
Convertei-vos!
Um sonho muito belo este de Isaías! No estado atual do
mundo, como imaginar a sua realização?
A chave nos é dada por João: “Convertei-vos!” Reconhecer o
nosso pecado! Deixar o Fogo do Espírito nos queimar e nos transformar! É a partir de
cada um de nós que começa o mundo novo. É a partir do coração novo de cada um
de nós que o mundo poderá ter um novo coração!
Mais uma semana
para rezar e praticar a conversão! Mãos à obra!
fonte:
www.dehonianos.org
fonte:
www.dehonianos.org
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