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09 julho, 2016

10-julho-2016 - 15º Domingo do Tempo Comum - Lc 10,25-37


A liturgia procura definir o caminho para encontrar a vida eterna. É no amor a Deus e aos outros – dizem os textos que nos são propostos – que encontramos a vida em plenitude.
O Evangelho sugere que essa vida plena não está no cumprimento de determinados ritos, mas no amor (a Deus e aos irmãos). Como exemplo, apresenta a figura de um samaritano – um herege, um infiel, segundo os padrões judaicos, mas que é capaz de deixar tudo para estender a mão a um irmão caído à beira da estrada. “Vai e faz o mesmo” – diz Jesus a cada um dos que o querem seguir no caminho da vida plena.
A primeira leitura reflete, sobretudo, sobre a questão do amor a Deus. Convida os crentes a fazer de Deus o centro da sua vida e a amá-lo de todo o coração. Como? Escutando a sua voz no íntimo do coração e percorrendo o caminho dos seus mandamentos.
Na segunda leitura, Paulo apresenta  um hino que propõe Cristo como a referência fundamental, como o centro à volta do qual se constrói a história e a vida de cada crente. O texto foge, um tanto, à temática geral das outras duas leituras; no entanto, a catequese sobre a centralidade de Cristo nos leva a pensar na importância do que Ele nos diz no Evangelho de hoje. Se Cristo é o centro a partir do qual tudo se constrói, convém escutá-lo atentamente e fazer do amor a Deus e aos outros uma exigência fundamental da nossa caminhada.

Reflexão:
A parábola do Bom Samaritano é tão conhecida que podemos perder o sabor e o sentido que dela podemos tirar para a nossa vida. Sabemos bem que Jesus muda a ordem das coisas: não se trata de saber quem é o meu próximo, mas de me fazer, eu, o próximo de qualquer ser humano. Assim, para o discípulo de Jesus, não há mais estrangeiro. Todo  ser humano torna-se próximo para mim, na medida em que eu o considero como um irmão. Sem dúvida, temos ainda muito trabalho para concretizar nas nossas vidas o ensinamento do Senhor! Mas Jesus vai ainda mais longe. Reparemos, em primeiro lugar, que é um doutor da Lei que se dirige a Jesus, um conhecedor e, seguramente, um fiel observante da Lei. Ora, na parábola, Jesus não escolhe os protagonistas da história por acaso. Trata-se, primeiro, de um sacerdote e de um levita, dois especialistas do culto celebrado no Templo de Jerusalém. A Lei dá prescrições muito específicas aos membros do “clero” da época. Deviam respeitar escrupulosamente as leis da pureza e, em particular, evitar a qualquer preço o menor contacto com os mortos, com exceção dos mais próximos da sua família. Sabendo isso, compreendemos melhor porque o sacerdote e o levita se afastaram do ferido “meio morto”. Eles obedecem à Lei, não podiam aproximar-se do infeliz. Então, Jesus coloca em cena um samaritano. São João explica: “os judeus não tinham relações com os samaritanos”. Este estrangeiro, este excluido aos olhos dos judeus fiéis, não está inserido no sistema da Lei. Pode encontrar a liberdade do amor sem fronteira. Eis a grande lição de Jesus. A Lei é boa, sem dúvida, mas com a condição de estar ao serviço do crescimento do amor. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. A Igreja promulgou numerosas leis. É bom respeitá-las. Por exemplo, é bom não faltar à missa ao domingo. Mas se, no resto da minha vida, esqueço as exigências evangélicas do amor, arrisco passar ao lado do meu irmão ferido. Estou do lado do sacerdote e do levita, ou do lado do samaritano? Também a mim, Jesus diz-me: “Então vai e faz o mesmo”.
O doutor da Lei compreendeu tudo. Para ele, o próximo é o que se aproxima do seu irmão, e que tem bondade para com ele. A diferença entre o sacerdote e o levita, e o samaritano, é que os dois primeiros contentam-se em ver e passar ao lado, sem dúvida para não se sujarem ao tocar o sangue, enquanto o terceiro se aproxima, vê e se enche de compaixão. O sacerdote e o levita conhecem a Lei, conhecem o duplo mandamento do amor: passando ao lado do caminho, respeitam a Lei que proíbe tocar no sangue… Eles sabem. Ora, é o samaritano que talvez não saiba a Lei, mas faz prova de bondade, é ele que põe em prática a Lei de Deus. Então, é o samaritano que terá a vida, como promete Jesus, na medida em que faz o que Deus quer, mesmo se ele não sabe. E Jesus, o Mestre, do mesmo modo que convida o doutor da Lei, convida também este a fazer o mesmo, para ter a Vida, observando verdadeiramente a Lei divina do amor .
• A pergunta do mestre da Lei não é uma pergunta acadêmica; é a pergunta que os homens do nosso tempo fazem todos os dias: “o que fazer para chegar à vida plena, à felicidade? Como dar, verdadeiramente, sentido à vida?” A resposta eterna é: “faz de Deus o centro da tua vida, ama-O e ama também os outros irmãos”. Trata-se, portanto, de fazer com que o amor percorra as duas coordenadas fundamentais da nossa existência – a vertical (relação com Deus) e a horizontal (relação com os outros homens). É por aqui que passa a nossa realização plena.
• O que é isso do amor ao próximo? Até onde se deve ir? É preciso exagerar? Não se trata de exagerar. Trata-se de ver em cada pessoa – sem exceção – um irmão e de lhe dar a mão sempre que ele necessitar. Qualquer pessoa ferida com quem nos cruzamos nos caminhos da vida tem direito ao nosso amor, à nossa misericórdia, ao nosso cuidado – seja ela branca ou negra, portuguesa ou ucraniana, cristã ou muçulmana, palmeirense, corintiana ou santista, fascista ou comunista, pobre ou rica… A verdadeira religião que conduz à salvação passa por este amor sem limites.
• Pode acontecer que o lidar todos  os dias com o divino tenha endurecido o nosso coração em relação às realidades do mundo… Pode acontecer que uma vida abastada nos torne insensíveis aos gritos de sofrimento dos pobres… Pode acontecer que o nosso egoísmo fale mais alto e que evitemos  nos meter em complicações por causa das injustiças que os nossos irmãos sofrem… Mas, nesse caso, convém perguntar: deixando que a minha vida se guie por critérios de egoísmo e de comodismo, estou  caminhando  em direção à minha realização plena, à vida eterna?
• As nossas comunidades são clubes fechados, “reservados a sócios”, onde é “proibida a entrada aos estranhos”, ou comunidades onde são amados e têm lugar todos aqueles que a vida atira para a beira da estrada?
 ORAÇÃO 
“Senhor nosso Deus, que não ficas inatingível mas que Te tornas tão próximo de nós, nós Te damos graças pela tua Palavra. Ela está totalmente perto de nós. Tu nos fazes entendê-la e comentá-la nas nossas assembléias. Nós Te pedimos: faz-nos voltar para Ti, que o teu Espírito nos impregne com a tua Palavra, que ela esteja na nossa boca e no nosso coração, para que nós a coloquemos em prática”.

“Cristo Jesus, imagem do Deus invisível, tudo é criado por Ti e para Ti, Tu existes antes de todos os seres e tudo subsiste em Ti, Tu és a cabeça da Igreja e nós somos o teu corpo, Tu tens o primado em tudo, na vida e na ressurreição, nós Te bendizemos. Nós Te pedimos: que a paz adquirida pelo teu sangue se estenda às nossas comunidades e a todo o universo”.
“Deus de ternura, nós Te damos graças pelo teu Filho Jesus, que enviaste como um bom Samaritano à nossa humanidade ferida pelos ódios e pelas injustiças. Ele toma conta de nós, nos levanta e nos cura.  Nós Te pedimos por todos os feridos da vida e por nós próprios, porque Tu nos envias junto do nosso próximo, aqui ou  longe, para prosseguir a obra de teu Filho”.
Meditação para a semana. . .
“E quem é o meu próximo?” Excelente questão a deste doutor da lei à procura de precisão e de uma boa receita “para ter a vida eterna”. Porém, não há resposta pré-estabelecida, nem nos lábios de Jesus, nem na Internet…

 “Amarás!” Resposta vasta como o mundo! Durante nossa semana procuremos repensar a nossa relação com os irmãos extraviados: evitar? ignorar? aproximar-se?

Quem será o nosso próximo? Mas sobretudo, de quem nós nos tornaremos os próximos? De quem nós vamos nos aproximar concretamente para pôr em prática este convite a amar? “Então, vai e faz o mesmo!”, nos diz Jesus.

fonte:
www.dehonianos.org

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