03-julho-2016 - PEDRO
E PAULO, DOIS GRANDES SANTOS DA IGREJA
Evangelho de São Mateus
16, 13-19.
A solenidade de São Pedro
e São Paulo nos leva a refletir sobre a importância desses dois grandes santos
da Igreja, Pedro representando a instituição, Igreja: "Tu és Pedro e sobre
esta pedra construirei a minha Igreja" (Mt16,18) e Paulo representando o
papel missionário da Igreja no mundo. Eles são considerados as colunas da
Igreja. Dois Grandes evangelizadores atuaram em campos diferentes, divergiram
em pontos de vista, desentenderam-se também, mas o grande amor pelo Mestre
Jesus e o forte testemunho os uniram na vida e no martírio. A vida, a paixão, a
morte e ressurreição de Cristo foi um prolongamento na vida e no martírio de
Pedro e de Paulo, porque eles passaram o que Cristo passou.
Foi o próprio Cristo quem
os escolheu e confiou-lhes a árdua missão de serem as bases da Igreja que
nascia, as duas colunas de sustentação: Pedro a estrutura e Paulo a
missionária. Conheceram Jesus e experimentaram sua ação em suas vidas de formas
diferentes. Mas seus testemunhos de fidelidade e amor por Cristo foram
idênticos. Ambos amaram a Jesus com o máximo de amor, dando suas vidas por
Jesus e pela Igreja. Podemos nos espelhar neles, que sendo gente como nós, com
suas fraquezas, limitações próprias do ser humano, tiveram força e coragem para
anunciar e testemunhar Jesus até com a própria vida.
Pedro recebeu do Espírito
Santo a revelação que Jesus era o Messias o Filho de Deus. “Tu és o Cristo, o
Filho de Deus vivo!” (v16). Em outras palavras Pedro está dizendo: nós
acreditamos que tu és o Salvador prometido. Tu és aquele que vem com o poder de
Deus para nos salvar. Pedro em nome dos discípulos está declarando sua fé, sua
confiança completa em Jesus. Apesar de reconhecer que Jesus era o Salvador,
devido a fraqueza humana, uma vez ou outra, ele foi infiel a Jesus. Todos nós
conhecemos muito bem a fraqueza humana. Também nós acreditamos que Jesus é
nosso Salvador e Filho de Deus e quantas vezes somos infiéis a Jesus, pecando,
virando as costas para o Salvador que tanto nos ama. Jesus tornou Pedro o chefe
da Igreja. Jesus disse a Pedro: “És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não
foram a carne e o sangue que te revelaram, mas sim Meu Pai que está nos Céus. E
Eu também te digo a ti: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha
Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves
do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra ficará ligado nos Céus, e tudo o
que desligares na Terra ficará desligado nos Céus”. Assim Jesus funda sua
Igreja na profissão de fé em Cristo, feita por Pedro. Jesus confia a Pedro a
missão de ser o chefe deste novo povo, a Igreja. Carne e sangue na linguagem
bíblica indicam as limitações humanas, fraquezas, imperfeições.
A missão da Igreja é dar
testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é
confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de
adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na
comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece. As
chaves sempre foram um sinal, um símbolo do poder, da autoridade na Igreja.
Jesus está nomeando Pedro como seu representante aqui na terra. Pedro deverá
ser o centro visível, humano, dessa comunidade de pessoas mantida pela força do
Cristo sempre presente. Pedro é a pedra sobre a qual está construída a
comunidade de Cristo. Pedro é o ponto de união, o coração humano da comunidade
unida na caridade. Tem o poder de decidir, ensinar, dar ordens, enquanto isso
for necessário para manter a união dos discípulos de Jesus. Hoje Pedro se faz
presente na Igreja na pessoa do Papa, que é o mesmo que pai. Pedro recebe das
mãos de Jesus a missão de ser o primeiro papa, aquele que tem como missão
confirmar os irmãos na fé, e a responsabilidade em manter a unidade da fé em
Cristo e na Igreja. Pedro ficaria no lugar de Jesus para comandar o grupo dos
apóstolos e todos que se convertessem ao cristianismo. Em nome do Senhor
deve ensinar e julgar, isto é, ser porta-voz da vontade de Deus. Jesus
simboliza a missão que está dando a Pedro pela entrega das chaves do Reino dos
céus. O poder de ligar e desligar indica a autoridade para transmitir a
doutrina do Mestre e decidir o que é de acordo ou contrário ao evangelho. Pedro
foi preso diversas vezes por pregar o nome de Jesus e seus milagres. Foi
torturado, mas não se intimidava. Tendo retornado para Roma, aí permaneceu até
ser martirizado por ordem do imperador. Depois de ser açoitado, foi amarrado
numa cruz, no dia 29 de junho, provavelmente no ano 64. Diz a tradição que ele
mesmo pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por não se achar digno de
morrer da mesma forma que Jesus. Pedro é exemplo para nós. Somos como Pedro,
imperfeitos por isso nos identificamos com ele, nos sentimos semelhantes a ele.
A vida e a transformação de Pedro nos mostra que também nós podemos nos
transformar, que todos nós temos capacidade de crescer e nos fortalecer na fé.
Podemos, assim como Pedro, buscar forças nos ensinamentos de Jesus, na Palavra
Sagrada e nos Sacramentos, para vencer nossa teimosia, ignorância e limitações,
para, seguindo seu exemplo, nos tornarmos mais uma “pedra” a ser colocada na
construção do Reino.
SÃO PAULO
Paulo era perseguidor dos
cristãos, da igreja primitiva. Mas Jesus escolhe Paulo para ser seu apóstolo.
Paulo, de perseguidor dos cristãos torna-se um homem novo, o mais ardente
missionário do Evangelho, que irá dedicar o resto da sua vida a Cristo, numa
contínua identificação com Ele ao ponto de poder dizer: “Para mim viver é
Cristo” (Fl 1-21); “Já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim.” (Gl
2,20) Desde aquele momento que Paulo
encontrou-se com Jesus começa para ele uma nova etapa da vida, uma grande
aventura que o levará por montes, desertos, mares, aldeias e cidades do
Mediterrâneo Oriental, e que terminará em Roma com o martírio. A transformação deste perseguidor zeloso de
Jesus Cristo em o defensor chefe do evangelho (1Coríntios 3,10; 1Timóteo1,13)
mudaria profundamente o curso da história mundial. A conversão de São Paulo é
uma das mais importantes da história da Igreja. Mostra o poder da graça divina,
capaz de transformar Saulo, perseguidor da Igreja, no "Apóstolo
Paulo" por excelência, que tem a iniciativa da evangelização dos pagãos.
Ele próprio confessa, por diversas vezes, que foi perseguidor implacável das
primeiras comunidades cristãs. Por causa disso atribui a si mesmo o título de
"o menor entre os Apóstolos" e ainda, de "indigno de ser chamado
Apóstolo". Mas Deus, que conhecia a sua retidão, tornou-o testemunha da
morte de Santo Estevão, cena descrita nos Atos dos Apóstolos. A visão de
Estevão apontando para os céus abertos e Cristo, aí reinando, domina a vida
toda de Paulo, o grande missionário do Cristianismo. Jesus, falando de Paulo,
disse a Ananias: “Esse homem é um instrumento que escolhi para anunciar o meu
Nome aos pagãos, os reis e ao povo de Israel”. (At 9,15-17) Paulo não pode
pregar para os cristãos judeus porque foi perseguidor dos cristãos, por isso não
acreditavam na sua pregação. Teve que pregar para os pagãos, partir para outras
terras, daí ser chamado o Apóstolo dos Gentios, dos pagãos. Mas era
grande demais o amor por Jesus, e por esse amor estava disposto a enfrentar
todas as tribulações, a suportar os piores tormentos, diz Paulo: "Muitas
vezes vi a morte de perto. Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites,
menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes
naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo”.
Paulo sempre disposto a
anunciar Jesus percorreu a Ásia Menor, atravessou todo o Mediterrâneo em 4 ou 5
viagens. Elaborou uma teologia cristã, que junto dos evangelhos suas epístolas
são fontes de todo pensamento, vida e mística cristãs. Além das grandes e
contínuas viagens apostólicas e das prisões e sofrimentos por que passou,
deve-se a ele, que se auto denomina "servo de cristo", a revelação da
mensagem do Salvador, ou seja, as 13 Epístolas ou Cartas. Elas formam como que
a Teologia do Novo Testamento, exposta por um Apóstolo. Viagens sem
conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos
próprios concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos
no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas,
repetidas vigílias, com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! Além de
outras coisas, o que levava Paulo pra frente era a preocupação cotidiana, a
atenção por todas as igrejas!" Isto é, pelas comunidades que ia formando e
alimentando-as com suas preciosas cartas. (II Cor 11, 23-28). Algemado, Paulo é
levado de Jerusalém a Roma. Durante a viagem, não perdia a oportunidade de
anunciar o Evangelho em todos os lugares por onde passava. Na prisão, São Paulo
pregava aos carcereiros e escrevia aos seus discípulos. O sublime
imitador de Jesus Cristo sela seu testemunho com o próprio sangue. Condenado à
morte, Paulo, por ser cidadão romano, não podia, como Pedro, sofrer a pena
vergonhosa da crucifixão, mas sim a da decapitação, e esta devia dar-se fora
dos muros da cidade. Conduzido por um grupo de soldados arrastaram para fora da
cidade até um vale. Ali, entre a vegetação daquela região pantanosa, o sublime
imitador de Jesus Cristo selava seu testemunho com o próprio sangue. Sua
cabeça, ao cair no solo sob o golpe fatal da espada, saltou três vezes, fazendo
brotar em cada um dos pontos uma fonte de água borbulhante. São Paulo Apóstolo,
sofreu o martírio em Roma. O ano é incerto, mas deve ter ocorrido entre 64 e
67. Realmente é admirável sua atividade na propagação da fé. De perseguidor
de Jesus Cristo fez-se um Apóstolo da Igreja, um missionário, o
modelo dos missionários de todos os tempos. As Epístolas de São Paulo
dão-nos uma imagem nítida das suas lutas, dificuldades, provações e tribulações
de toda a sorte. Mas em tudo venceu o amor a Jesus, a Jesus crucificado. São
Paulo é um gigante no amor ao salvador. "Jesus é minha vida",
confessa ele, e para Jesus não havia trabalho que não fizesse, dificuldade que
não vencesse. No fim da vida, pôde, em verdade, dizer: "Combati o
bom combate, terminei a carreira e conservei a fé". Nem a vida nem a morte
podiam separar Paulo do amor de Cristo. Por isso, dois mil anos depois do
início de sua peregrinação terrena, a monumental obra apostólica deixada por ele
continua viva e produzindo abundantes frutos para a Igreja. É exatamente isso
que Jesus espera de cada um de nós. Quer que nos tornemos Pedros, quer ver-nos
convertidos em Paulos. Jesus quer ver suas ovelhas apascentadas e quer que
façamos das nossas vidas uma carta viva, com exemplos concretos, de como viver
o amor. Para que possamos afirmar a mesma coisa, é preciso que imitemos o
grande Apóstolo no imenso amor a Jesus e à Santa Igreja. É preciso que
com ele, sacrifiquemos a nossa carne., demos desprezo ao mundo, tenhamos amor
aos nossos irmãos, sejamos castos e puros, e da nossa vida façamos um
hino de louvor a Deus. Assim sendo seremos herdeiros da coroa, que nos dará o
justo juiz no dia da recompensa.
Pedro e Paulo em todos os
momentos de suas vidas, na tristeza, na tribulação, nas alegrias sempre
disseram sentir o amor e proteção de Jesus. Sentiam que Jesus estava junto
deles fortalecendo-os, encorajando-os para enfrentarem tudo o que passaram. O
amor de Jesus por eles era constante e permanente.
Oração:
Senhor, que possamos como Pedro e Paulo sentir
o grande amor que Cristo tem por cada um de nós. E como eles dizer “nada poderá
me separar do amor de Cristo”. Amém!
Fonte:
Liturgiadiariacomentada2.blogspot.com
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