17-janeiro-2016 - 2º
Domingo do Tempo Comum
A liturgia de hoje
apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma privilegiada a
relação de amor que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a esposa). A
questão fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus. A primeira leitura define o amor de Deus como
um amor inquebrável e eterno, que continuamente renova a relação e transforma a
esposa, sejam quais forem as suas falhas passadas. Nesse amor nunca desmentido,
reside a alegria de Deus. O Evangelho apresenta, no contexto de um casamento (cenário da “aliança”), um
“sinal” que aponta para o essencial do “programa” de Jesus: apresentar aos
homens o Pai que os ama, e que com o seu amor os convoca para a alegria e a felicidade plena. A segunda
leitura fala dos “carismas” – dons, através dos quais continua a manifestar-se
o amor de Deus. Como sinais do amor de Deus, eles se destinam ao bem de todos;
não podem servir para uso exclusivo de alguns, mas têm que postos ao serviço de
todos com simplicidade. É essencial que na comunidade cristã se manifeste,
apesar da diversidade de membros e de carismas, o amor que une o Pai, o Filho e
o Espírito Santo.
Reflexão:
Passam-se tantas coisas
nesta sala da boda. Maria, com a sua intuição feminina, percebe o embaraço do
mestre do banquete: vai faltar vinho. Diz a Jesus. Ela procurava apenas informá-lo? Pensava ela que Ele podia fazer
qualquer coisa? Jesus pede a sua mãe para renovar o seu ato de fé. Como há
trinta anos, ela pede aos serventes o que o anjo lhe havia pedido: “fazei o que
Ele vos disser! Tende confiança Nele!” E eis que as talhas destinadas às
abluções rituais da religião judaica vão servir para manifestar a plenitude do
dom de Deus e a nova relação dos homens com Deus. É proposto um novo rito, vai
ser selada uma nova Aliança. Uma Aliança que selará para sempre a relação de
Deus com a humanidade.
• Quando a relação com
Deus assenta num jogo intrincado de ritos externos, de regras e de obrigações
que é preciso cumprir, a religião torna-se um pesadelo insuportável que
tiraniza e oprime. Ora, Jesus veio nos revelar Deus como um Pai bondoso e
terno, que fica feliz quando pode amar os seus filhos. É esse o “vinho” que
Jesus veio trazer para alegrar a “aliança”: o “vinho” do amor de Deus, que
produz alegria e que nos leva à festa do encontro com o Pai e com os irmãos. A
nossa “religião” é isto mesmo – o encontro com o Jesus que nos dá o vinho do
amor?
• O que é que os nossos
olhos e os nossos lábios revelam aos outros: a alegria que brota de um coração
cheio de amor, ou o medo e a tristeza que brotam de uma religião de pesadelo,
de leis e de medo?
• Com qual das personagens
que participam da “boda” nos identificamos: com o chefe de mesa, comodamente
instalado numa religião estéril, vazia e hipócrita, com a “mulher”/mãe que pede
a Jesus que resolva a situação, ou com os “serventes” que vão fazer “tudo o que
Ele disser” e colaborar com Jesus no estabelecimento da nova realidade?
Para São João, os
“milagres” são sempre “sinais” que nos reenviam para além da materialidade dos
fatos. Será bom olhar com mais atenção esta água mudada em vinho. A água é um
elemento vital. Mas é, antes de mais nada, um elemento ordinário e bruto. A
água se encontra na natureza, não precisa de ser fabricada. O vinho é fruto da
vinha, mas também do trabalho do homem, como dizemos na Eucaristia. Jesus manda
encher as talhas de água, a água que é símbolo da nossa vida ordinária, de todos os
dias. Jesus toma esta água ordinária para
transformá-la. Não com uma varinha mágica, mas com a força do Espírito
Santo, com a força do amor. É porque este vinho é melhor que o vinho dos
homens… Por este “sinal”, Jesus quer vir ter conosco na nossa vida ordinária,
para aí colocar a sua presença de amor, o amor do Pai, o Espírito Santo. Toma a
nossa vida, com as nossas alegrias, os nossos amores, as nossas conquistas
humanas, importantes mas tantas vezes efêmeras,
com os nossos tédios, os nossos dias sem gosto e sem cor, os nossos fracassos e
mesmo os nossos pecados, também eles ordinários. E aí, Ele “nos trabalha” pelo
seu amor, no segredo, para fazer brotar em nós a vida que tem o sabor do vinho
do Reino. Isto, Ele cumpre em particular cada vez que participamos na
Eucaristia. Façamos do “tempo ordinário” o tempo do acolhimento do trabalho em
nós do Vinhateiro divino!
ORAÇÃO:
“Deus, que Te revelas como esposo do teu povo
e chegas mesmo a considerar a tua Igreja como tua esposa, nós Te damos graças e
Te bendizemos pelos gestos de atenção e pela ternura imensa que nos manifestas.
Nós Te pedimos por todos os esposos e por todos os matrimônios, mas sobretudo
pelos esposos cristãos, que chamaste a ser sinais do teu amor e da tua
fidelidade”.
“Deus só e único, Deus de todos os cristãos,
que ages em nós, nós Te damos graças pelo teu Espírito Santo, que nos comunicas
sem cessar na liturgia e na proclamação da tua Palavra. Nós Te pedimos pela reconciliação das Igrejas
e pela unidade no interior de cada comunidade cristã. Que os teus filhos saibam
discernir em qualquer circunstância o que vem do teu único Espírito”.
“Jesus, nosso Mestre, nós Te damos graças pelo
sinal que realizaste em Caná, manifestando as bodas de Deus com o seu povo. Nós
Te bendizemos pelo sinal do vinho e o cálice da nova Aliança. Nós Te pedimos
por todas as pessoas à nossa volta que estão privadas da alegria que Tu nos
revelas com a tua presença e com o dom do teu Espírito de festa”.
Meditação para a semana...
Na segunda leitura, São Paulo do mesmo Espírito, do mesmo Senhor, do mesmo Deus
que realiza tudo em todos: os nossos dons nos são oferecidos. O mesmo e único Espírito distribui os seus
dons a cada um, segundo a sua livre vontade. No uso que fazemos dos nossos
dons, procuremos a humildade: sobretudo não desprezemos aqueles que receberam,
pelo menos aparentemente, dons menos vistosos ou menos impressionantes! Deus
age à sua maneira, que não é a nossa. Geralmente, estamos habituados a olhar o
outro à nossa maneira e não à maneira de Deus, a ver quase só os seus defeitos
e não os seus dons. Ao longo da semana, procuremos valorizar o dom que o irmão
é para nós, em particular, aqueles com quem nos encontramos em casa, na
comunidade, no trabalho, na escola…
fonte:
www.dehonianos.org
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