A liturgia deste domingo nos
convida a refletir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais
fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve
construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus. A primeira leitura nos
apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem
“sábio”, que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa
seduzir e alienar por valores efêmeros. No Evangelho, recorrendo à linguagem das
parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua
prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para
segundo plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino. A segunda leitura nos
convida a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que
deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
Reflexão:
• A
primeira e mais importante questão abordada no Evangelho é a das nossas
prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é ter como
prioridade, como objetivo mais importante, como valor fundamental, o Reino. O
cristão vive no meio do mundo e é todos os dias desafiado pelos esquemas e
valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo
número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está permanentemente
mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal;
mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o
Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito
profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e
para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por
esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na
simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a
auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino
é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a nossa vida?
Quais são os valores pelos quais somos capazes de deixar tudo? Que significado têm as
propostas de Jesus na nossa escala de valores?
• A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias verdades, tibiezas,
hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo,
pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por
Deus e pelos valores do Evangelho. A nossa opção pelo Reino é uma opção
radical, sincera, que não pactua com desvios, com hipocrisias e incoerências?
• Porque é que os cristãos apresentam, tantas vezes, um ar amargurado,
sofredor, desolado? Quando a tristeza nos molda a vista e nos impede de sorrir,
quando apresentamos semblantes carrancudos e preocupados, quando deixamos
transparecer em gestos e em palavras a agitação e o desassossego, quando
olhamos para o mundo com os óculos do pessimismo e do desespero, quando só nos
deixamos impressionar pelo mal que acontece à nossa volta, já teremos
descoberto esse valor fundamental – o Reino – que é paz, esperança, serenidade,
alegria, harmonia?
• Mais uma vez o Evangelho nos convida-nos a admirar (e a absorver) os métodos
de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao
homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as suas opções e fazer as suas
opções. Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de
crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?
Meditação para a semana. . .
“Pede o que quiseres…” Se a mesma questão nos fosse posta hoje, qual seria a
nossa resposta? Por qual tesouro estamos dispostos a sacrificar tudo? “Um
coração que escute e saiba discernir o essencial do acessório!” A oração de
Salomão poderia inspirar a nossa oração ao longo da semana…
fonte:
www.dehonianos.org.br
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