A liturgia deste domingo nos
ensina onde encontrar Deus. Nos garante que Deus não Se revela na arrogância,
no orgulho, na prepotência, mas sim na simplicidade, na humildade, na pobreza,
na pequenez. A primeira leitura nos apresenta um enviado de Deus que vem ao encontro dos
homens na pobreza, na humildade, na simplicidade; e é dessa forma que elimina
os instrumentos de guerra e de morte e instaura a paz definitiva. No Evangelho,
Jesus louva o Pai porque a proposta de salvação que Deus faz aos homens (e que
foi rejeitada pelos “sábios e inteligentes”) encontrou acolhimento no coração
dos “pequeninos”. Os “grandes”, instalados no seu orgulho e auto-suficiência,
não têm tempo nem disponibilidade para os desafios de Deus; mas os “pequenos”,
na sua pobreza e simplicidade, estão sempre disponíveis para acolher a novidade
libertadora do Evangelho. Na segunda leitura, Paulo convida os crentes –
comprometidos com Jesus desde o dia do Batismo – a viverem “segundo o Espírito”
e não “segundo a carne”. A vida “segundo a carne” é a vida daqueles que se
instalam no egoísmo, orgulho e auto-suficiência; a vida “segundo o Espírito” é
a vida daqueles que aceitam acolher as propostas do Evangelho.
Reflexão:
• Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos com as lentes do mundo… Nós, homens, admiramos
e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos,
os bonitos e queremos que sejam eles (“os melhores”) a dirigir o mundo, a fazer
as leis que nos governam, a ditar a moda ou as idéias, a definir o que é correto
ou não é correto. Mas Deus nos diz que as coisas essenciais são muito mais
depressa percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis
para acolher a Deus e os seus valores e
para arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os pequenos, os
humildes são ridicularizados, tratados como incapazes, pelos nossos “iluminados”
fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros
as suas visões pessoais e os seus pseudo-valores… A Palavra de Deus ensina: a
sabedoria e a inteligência não garantem a posse da verdade; o que garante a
posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às suas propostas (e com
frequência, com muita frequência, são os pobres, os humildes, os pequenos que
“sintonizam” com Deus e que acolhem essa verdade que Ele quer oferecer aos
homens para leva-los à vida em
plenitude).
• Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”? Como fazemos uma
experiência íntima e profunda de Deus? É através da filosofia? É através de um
discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja mudando as toalhas dos altares?
O Evangelho responde:
“conhecemos” Deus através de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só
quem segue a Jesus e procura viver como Ele (no cumprimento total dos planos de
Deus) pode chegar à comunhão com o Pai. Há crentes que, por terem feito catequese,
por irem à missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral da
paróquia, acham que conhecem Deus (isto é, que têm com Ele uma relação estreita
de intimidade e comunhão)…
Atenção: só “conhece”
Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da
entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só
aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
• Como nos situamos face a Deus e à proposta que Ele nos apresenta em Jesus?
Ficamos fechados no nosso comodismo e instalação, no nosso orgulho e
auto-suficiência, sem vontade de arriscar as nossas seguranças, ou estamos abertos e
atentos à novidade de Deus, a fim de perceber as suas propostas e seguir os
seus caminhos?
• Cristo quis oferecer aos pobres, aos marginalizados, aos pequenos, a todos
aqueles que a Lei escravizava e oprimia, a libertação e a esperança. Os pobres,
os débeis, os marginalizados, aqueles que não encontram lugar à mesa do
banquete onde se reúnem os ricos, os arrogantes e poderosos, continuam encontrando – no testemunho dos discípulos de
Jesus – essa proposta de libertação e de esperança? A Igreja dá testemunho da
proposta libertadora de Jesus para os pobres? Como é que os pequenos e humildes
são acolhidos nas nossas comunidades? Como é que acolhemos aqueles que têm
comportamentos social ou religiosamente incorretos?
Meditação para a semana. .
.
Reviravolta de valores.
Numa sociedade idólatra que só crê na força, no poder,
na riqueza, nos sucessos de todo o tipo… Jesus revela-nos que Deus confia os
seus segredos aos pequeninos… aqueles que não aparecem nas primeiras páginas
dos jornais… aqueles que não contam grande coisa…
Uma vez mais, é a reviravolta
dos valores e o convite a retificar os nossos julgamentos e os nossos
comportamentos.
fonte:
www.dehonianos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário