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27 outubro, 2012


Celebramos mais um Dia Nacional da Juventude – DNJ, que neste ano de 2012 traz como tema: “Juventude e Vida” e o lema: “Que vida vale a pena ser vivida?”, inspirado na iluminação bíblica: “Eu vim para que todos tenham vida” (João 10,10). É tempo de reunir as diferentes expressões de juventude, em diferentes espaços, como Igreja, praças, escolas, ginásios de esportes, ruas etc.
A Igreja, ao longo dos anos, tem buscado dar respostas a perguntas dos jovens. O Concílio Vaticano II (1968, n. 1.376), no Decreto Apostolicam Actuositatem apresenta a cultura juvenil como uma influência da maior importância na sociedade moderna. As circunstâncias da vida dos jovens, a mentalidade e as próprias relações com as famílias estão profundamente mudadas. É preciso assegurar o direito à vida para todos os jovens. A ciência afirma que o conceito “juventude” constitui uma construção social com origem histórica e variações substantivas quanto à forma e aos conteúdos. Isso vale para aqueles chamados de “jovens” no passado e, certamente, para os que serão chamados, assim, no futuro. No século XX “a juventude deixa de ser uma condição biológica e se torna uma definição simbólica” (Melucci, 1997). A Igreja do Brasil, através do Documento n. 85 da CNBB – Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais apresenta os principais problemas enfrentados pelos jovens brasileiros: as desigualdades de renda; o acesso restrito à educação de qualidade e frágeis condições para permanência na escola; o desemprego e a inserção no mercado de trabalho; a falta de qualificação para o mundo do trabalho; o envolvimento com as drogas e alto consumo de bebidas alcoólicas; a banalização da sexualidade; a gravidez na adolescência; a AIDS; a violência no campo e na cidade; a intensa migração; as mortes por causas externas (homicídios, acidentes de trânsito e suicídios); o limitado acesso às atividades esportivas, de diversão, culturais e a exclusão digital. Esses têm sido os sinais de morte que atingem a nossa juventude. Chamamos a atenção aqui, para a realidade juvenil e o que tem tirado a vida de nossa juventude – a VIOLÊNCIA. Segundo a pesquisa “Perfil da Juventude Brasileira” (2003), 46% da juventude já perderam parentes ou amigo próximo de forma violenta e 38% já viu de perto alguém que morreu de forma violenta sendo que destes 62% foram mortos assassinados. Segundo dados da mesma pesquisa, 48% dos jovens indicam a questão da violência/segurança como um dos principais problemas do país.
Segundo o relatório feito pelo RITLA (Rede de Informações Tecnológica LatinoAmericana), no Brasil morrem por dia, em média, 54 jovens vítimas de homicídio. Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Programa de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens do Observatório de Favelas em parceria com o Laboratório de Análise da Violência da UERJ, apresentou uma estimativa da quantidade de adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos que poderão ser mortos no período de 2006 a 2012. O número é alarmante: cerca de 33.503 (trinta e três mil quinhentos e três). O homicídio é a causa de cerca 46% das mortes de adolescentes e jovens. A estimativa foi feita com base em dados de 2006, considerando que as circunstâncias observadas naquele ano sejam mantidas. Os estudos mais recentes sobre a violência têm-se concentrado na área urbana, o que se explica pelo fato de as grandes questões da sociedade se localizarem, principalmente, nas grandes cidades. Segundo a reflexão de Mello (1999), “a experiência da cidade e da violência é uma experiência partilhada por todos, embora vivida sob condições de extrema diferença”. Metaforicamente, a juventude passa a representar a vitrine dos conflitos sociais e a crise da juventude, mais que a crise da adolescência, passa a ser reveladora também da crise permanente da sociedade capitalista (Sales, 2003), da crise de significações de nossa modernidade (Waiselfisz, 1998). A noção de juventude no imaginário social ganha associação direta marcada pela instabilidade, e por isso mais propícia aos problemas sociais de seu tempo, tornando-se, ela própria, um “problema social”. Só precisamos nos atentar para não criar uma “demonização da juventude”: “Ocorre que o debate acadêmico sobre o tema da juventude, ainda permeado por disputas conceituais, incorporou acúmulos teóricos e atualmente, mesmo enfatizando a noção de “juventudes”, em consideração às múltiplas situações e significações inerentes ao segmento, reconhece a validade da condição juvenil por imprimir sentido a todos os grupos sociais” (Abramo, 2005). Ao observarmos, portanto, os jovens na sua relação com a violência atual queremos explorar as similaridades que homogeiniza esse grupo, à luz do contexto histórico que vivemos, sem, contudo, elidir a condição de classe e os significados próprios desse pertencimento. Devemos entender a juventude como uma categoria que é produzida analiticamente, na relação com o processo sócio-histórico que a modernidade constitui. E como, a partir do reconhecimento das transformações políticas, econômicas e ideoculturais, a juventude, em conexão com as novas formas de sociabilidade que despontam, incluindo-se aí as expressões de violência, transforma-se em recurso revelador das características e metamorfoses presentes na contemporaneidade. Essa expressão de violência é caracterizada pela quebra dos valores de tolerância, pela gratuidade e mesmo pela crueldade. Da violência dos ataques pessoais ao outro (Zaluar, 2003) podem chegar à morte, motivada por causas irrelevantes como um simples olhar enviesado” (Rosa, 2010). O diagnóstico é o de indiferença com relação aos outros e o de aumento de uma desconfiança generalizada. Mas quais são as contribuições das instituições e quais são as tecnologias sociais adotadas para dar conta destes eventos? O que temos feitos em busca de Políticas Públicas para os nossos adolescentes e jovens? Que espaços de participação a nossa juventude tem levado a Boa Notícia do Jovem Galileu? O que enquanto Comunidade tem sido construído para gerar vida no meio da juventude? Onde temos feito germinar a árvore da vida? Qual o meu Projeto de Vida? Tenho contribuído para que o jovem construa o seu? Frente a tantos sinais de morte que encontramos, o Reino de Deus nos apresenta sinais de vida. É preciso transformar esses sinais em ações concretas que possam atingir toda a juventude e não só aqueles presentes em nosso espaço eclesial.
Desejamos que todo jovem cultive ou construa seus projetos de vida. Vamos nos preparar e vamos gritar que a Vida vale apenas ser vivida com dignidade.
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