A liturgia nos convida a refletir sobre a Igreja – a
comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o “caminho” de Jesus,
dando testemunho do projeto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos
homens. O Evangelho define a Igreja: é a
comunidade dos discípulos que seguem o “caminho” de Jesus – “caminho” de
obediência ao Pai e de doação da vida aos irmãos. Os que acolhem esta proposta
e aceitam viver nesta dinâmica tornam-se Homens Novos, que possuem a vida em
plenitude e que integram a família de Deus – a família do Pai, do Filho e do
Espírito. A primeira leitura nos apresenta
alguns traços que caracterizam a “família de Deus” (Igreja): é uma comunidade
santa, embora formada por homens pecadores; é uma comunidade estruturada
hierarquicamente, mas onde o serviço da autoridade é exercido no diálogo com os
irmãos; é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e que põem
esses dons ao serviço dos irmãos; e é uma comunidade animada pelo Espírito, que
vive do Espírito e que recebe do Espírito a força de ser testemunha de Jesus na
história. A segunda leitura também se
refere à Igreja: chama-lhe “templo espiritual”, do qual Cristo é a “pedra
angular” e os cristãos “pedras vivas”. Essa Igreja é formada por um “povo
sacerdotal”, cuja missão é oferecer a Deus o verdadeiro culto: uma vida vivida
na obediência aos planos do Pai e no amor incondicional aos irmãos.
Reflexão:
• A Igreja é essa comunidade de Homens Novos, que se
identifica com Jesus que, animada pelo Espírito, segue “o caminho” de Jesus
(caminho de obediência aos planos do Pai e de doação da vida aos irmãos), que
procura dar testemunho de Jesus no meio dos homens e que é a “família de Deus”.
No dia do nosso batismo, fomos integrados nesta família… A nossa vida tem sido
coerente com os compromissos que, então, assumimos? Sentimo-nos “família de
Deus”, ou deixamos que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência falem mais alto
e escolhemos caminhar à margem desta família? É verdade que esta família tem
falhas, e é verdade que nem sempre encontramos nela humanidade e amor. Que
fazemos, então: afastamo-nos, ou esforçamo-nos para que ela viva de forma mais
coerente e verdadeira?
• Falar do “caminho” de Jesus é falar de uma vida dada a
Deus e gasta em favor dos irmãos, numa doação total e radical, até à morte. Os
discípulos são convidados a percorrer, com Jesus, esse mesmo “caminho”.
Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si mesmo) nasce o Homem Novo, o
homem na plenitude das suas possibilidades, o homem que desenvolveu até ao
extremo todas as suas potencialidades. É esse “caminho” que eu tenho percorrido? A minha vida tem sido uma entrega
a Deus e doação aos meus irmãos? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do
orgulho que impedem o Homem Novo de aparecer?
• A comunhão do crente com o Pai e com Jesus não resulta
de momentos mágicos nos quais, através da recitação de certas fórmulas ou do
cumprimento de certos ritos, a vida de Deus bombardeia e inunda
incondicionalmente o crente; mas a intimidade e a comunhão com Jesus e com o
Pai estabelecem-se percorrendo o caminho do amor e da entrega, em doação total
a Deus e aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem de
sair do egoísmo e a fazer da sua vida uma doação a Deus e aos homens.
Dar um passo… Alguém dizia, durante uma homilia: “a fé
começa pelos pés!” De fato, a fé é uma resposta e uma caminhada. Foi a aventura
destes onze homens reunidos numa sala, em Jerusalém. Estavam cheios de medo,
mas lançaram-se, algum tempo mais tarde, pelas ruas da Palestina e para além
disso. Sentiram-se possuídos pelo Espírito recebido no Pentecostes. É a
aventura das crianças que, nestes dias, vão começar a comungar: são convidadas
ao Banquete do Senhor, vão responder a este convite. É a aventura dos jovens
que, por ocasião da sua profissão de fé, decidiram dar um passo para Deus,
ousando dizer: “Creio!”. É a aventura dos jovens que, em certo período do ano,
vão ser confirmados, um passo que lhes faz pedir a ajuda do Espírito. Somos
todos convidados a dar um passo, para o Senhor e para os nossos irmãos. Sim,
sejamos cristãos a caminho.
ORAÇÃO
Pai, nós Te damos graças pelo teu Espírito Santo, que suscita em todo o tempo,
nas nossas comunidades, iniciativas para o acolhimento do teu Reino. Nós Te
pedimos por todos os ministérios e serviços na Igreja, pelos diáconos,
leitores, catequistas, pelos cristãos empenhados nas pastorais especializadas,
a saúde, a informação, etc.
Nós Te damos graças por Jesus Ressuscitado: Ele é a pedra
viva e a pedra angular, que a morte não conseguiu eliminar. Ele é a rocha sobre
a qual repousa a nossa fé. Por Ele e nele nós Te apresentamos as nossas
oferendas espirituais. Nós Te pedimos pelo teu povo, templo espiritual, nação
santa, sacerdócio real, para que ele testemunhe em todo o lugar a tua admirável
luz.
Pai, nós Te bendizemos por Jesus, teu Filho, porque Ele é
para nós o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele descobrimos o teu rosto.
Nós Te pedimos: pelo teu Espírito Santo, faz-nos reconhecer e habitar na tua
presença. Que Jesus, a tua Palavra viva, habite em nós e suscite obras de
salvação. Que Ele nos conduza para Ti.
Meditaçao para a
semana . . .
“Sede as pedras vivas…” Que espécie de pedras somos nós na construção da nossa
Igreja em 2017? Pedras que procuram ajustar-se umas às outras, em harmonia com
a “Pedra angular”? Ou pedras que se opõem umas às outras e se eliminam
mutuamente? Que “Templo espiritual” nós estamos construindo ?
fonte:
www.dehonianos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário