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28 junho, 2015



HOMILIA 28/JUNHO/2015
Padre Marcos Daniel de Moraes Ramalho

27 junho, 2015

28/junho/2015 - São Pedro e São Paulo 

Celebrar os Apóstolos Pedro e Paulo é um testemunho de fé na Igreja “una, santa, católica, apostólica”. Pedro é, efetivamente, a pedra que se apóia diretamente sobre a pedra angular que é Cristo. Pedro, e Paulo são os últimos elos de uma corrente que nos liga a Jesus. Celebrando Pedro e Paulo celebramos os “fundadores” da nossa fé, os genearcas do povo cristão. Ambos foram martirizados em Roma, na perseguição de Nero, por volta do ano 64 d. C.
O Novo Testamento permite-nos reconstruir, o itinerário da vida dos dois apóstolos e dar-nos conta da gratuidade da escolha divina. Pedro era um pescador da Galiléia. Passava os dias no lago de Tiberíade, com o seu pai Jonas e com o seu irmão André. O seu trabalho consistia em lançar as redes, esperar, retirá-las e, depois, à tarde, remendá-las, sentado na margem. Foi aí que, uma tarde, quando lançava as redes para uma última pescaria, ouviu, com o seu irmão, o chamamento de Jesus que passava: “Segue-me; farei de vós pescadores de homens” (Mc 1, 17). Começou, assim, a sua extraordinária aventura; seguiu o Mestre da Galileia para a Judeia; daí, depois da morte de Jesus, percorreu a Palestina, até se mudar para Antioquia e, daí, chegou finalmente a Roma. Em Roma animou a fé dos crentes, esteve preso, e foi morto no Vaticano, onde ficou para sempre, não só com o seu túmulo, mas também com o seu mandato: ficou naqueles que lhe sucederam naquela que os cristãos chamaram sempre “a cátedra de Pedro”, até ao papa que hoje governa a Igreja. Nele, Pedro continua a ser “a rocha”, sobre a qual Cristo continua a edificar a sua Igreja, o sinal da unidade para “aqueles que invocam o nome do Senhor”. Não muito longe de Pedro, repousa Paulo que, de perseguidor, se tornou o Apóstolo dos Gentios, o missionário ardoroso do Evangelho. O seu martírio revelou a substância da sua fé. A evangelização das duas colunas da Igreja apóia-se, não sobre uma mensagem intelectual, mas sobre uma praxis profunda, sofrida e testemunhada com a palavra de Jesus.
O lugar de Pedro e dos seus sucessores não é um cargo honorífico ou uma recompensa de méritos. É um serviço, o serviço de apascentar as ovelhas do Senhor: “Apascenta as minhas ovelhas”, disse Jesus (Jo 21, 15ss). Com o dever de dar testemunho dele, Jesus confiou a Pedro a sua própria missão de Servo e Pastor. Testemunha de Cristo, pastor e servo dos crentes são prerrogativas que, de Cristo passaram a Pedro e, de Pedro, aos seus sucessores, os bispos de Roma.
Pedro é o continuador de Cristo, o substituto, o vigário de Cristo. É de certo modo o Cristo velado, como na Eucaristia. O seu ensino é o de Cristo. É o instrumento do Coração de Jesus… Nosso Senhor prometeu antecipadamente a Pedro a sua primazia, que é a continuação do poder de Cristo: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as potências do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). «Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares será ligado e tudo o que desligares será desligado» (Mt 16, 19). «Quando fores convertido, confirmarás os teus irmãos» (Lc 22, 32). Quando chegou o dia, Nosso Senhor realizou a sua promessa. Transmitiu a Pedro a sua autoridade de pastor: «Pedro, porque me amas muito, porque me amas mais do que os outros, apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas». Pedro, pastor supremo da Igreja, é depositário e administrador de todos os dons do Coração de Jesus. Preside à administração dos sacramentos… Abre e fecha o tesouro do Coração de Jesus. Que respeito, que obediência devo a Pedro e aos seus sucessores!  
Rezemos pelo Santo Padre, sucessor de Pedro, para que Ele, que o confiou uma tal missão, o ilumine e o torne, cada vez mais, capaz de confirmar na fé os seus irmãos.
Oração
Senhor, vós nos concedeis a alegria de celebrar hoje a festa dos santos apóstolos Pedro e Paulo: Pedro, que foi o primeiro a confessar a fé em Cristo, e Paulo, que a ilustrou com a sua doutrina; Pedro, que estabeleceu a Igreja nascente entre os filhos de Israel, e Paulo que anunciou o Evangelho a todos os povos; ambos trabalharam, cada um segundo a sua graça, para formar a única família de Cristo; agora, associados na mesma coroa de glória, recebem do povo fiel a mesma veneração. Por isso, vos damos graças e proclamamos a vossa glória. Amém. 
Meditação para a semana. . .
A missão de liderança confiada a Pedro exigiu dele uma explicitação de sua fé. Antes de assumir o papel de guia da comunidade, foi preciso deixar claro seu pensamento a respeito de Jesus, de forma a prevenir futuros desvios. Se tivesse Jesus na conta de um messias puramente humano, correria o risco de transformar a comunidade numa espécie de grupo guerrilheiro, disposto a impor o Reino de Deus a ferro e fogo. A violência seria o caminho escolhido para fazer o Reino acontecer. Se o considerasse um dos antigos profetas reencarnados, transformaria a Boa-Nova do Reino numa proclamação apocalíptica do fim do mundo, impondo medo e terror. De fato, pensava-se que, no final dos tempos, muitos profetas do passado haveriam de reaparecer. Se a fé de Pedro fosse imprecisa, não sabendo bem a quem havia confiado a sua vida, correria o risco de proclamar uma mensagem insossa, e levar a comunidade a ser como um sal que perdeu seu sabor, ou uma luz posta no lugar indevido.  Só depois que Pedro professou sua fé em Jesus, como o “Messias, o Filho do Deus vivo”, foi-lhe confiada a tarefa de ser “pedra” sobre a qual seria construída a comunidade dos discípulos: a sua Igreja. Entre muitos percalços, esse apóstolo deu provas de sua adesão a Jesus, selando o seu testemunho com a própria vida, demonstração suprema de sua fé. Portanto, sua missão foi levada até o fim.
E nós ? qual nossa visão a respeito de Jesus ?

fonte:
www.dehonianos.org.br

26 junho, 2015

27/junho - Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
O Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é de origem oriental, grega. Em fins do século XV, um negociante roubou o quadro do altar onde estava, na Ilha de Creta, onde foi venerado pelo povo cristão desde tempos imemoráveis. Escapou milagrosamente de uma tormenta em alto mar, levando o quadro até Roma. Adoeceu mortalmente e procurou um amigo que cuidasse dele. Estando para morrer, revelou o segredo do quadro e pediu ao amigo que o devolvesse a uma igreja. O amigo, por causa da sua esposa, não quis desfazer-se de tão belo tesouro, tendo morrido sem cumprir a promessa. Por último, a Santíssima Virgem apareceu a uma menina de seis anos, filha desta família romana, e mandou-lhe dizer à mãe e à avó que o quadro devia ser colocado na Igreja de São Mateus, entre as basílicas de Santa Maria Maior e São João Latrão. A mãe obedeceu e o quadro foi colocado nesta igreja no dia 27 de março de 1499. Aí ele foi venerado durante 300 anos. Então a devoção começou a se divulgar em toda Roma. Em 1798 a guerra atingiu Roma. O convento e a igreja, que estavam sob o cuidado dos Agostinianos irlandeses, foram quase totalmente destruídos. Parte dos agostinianos passou para um convento vizinho e levou consigo o quadro, onde ficou oculto por anos. Em 1819, os Agostinianos se transferiram para a Igreja de Santa Maria in Postérula. Com eles foi a “Virgem de São Mateus”. Mas como “Nossa Senhora da Graça” era já venerada naquela igreja, o quadro foi posto numa capela interna do convento, onde ele permaneceu quase desconhecido, a não ser para o Irmão Agostinho Orsetti, um dos jovens frades provenientes de São Mateus.
O religioso idoso e o jovem coroinha
Os anos corriam e parecia que o quadro estava para cair no esquecimento. Um jovem coroinha chamado Michele Marchi visitava muitas vezes a igreja de Santa Maria in Postérula e tornou-se amigo do Irmão Agostinho. Muito mais tarde, o então sacerdote Padre Michele escreveria: “Este bom Irmão costumava me falar com um certo ar de mistério e ansiedade, especialmente durante os anos 1850 e 1851, estas exatas palavras: ‘Veja bem, meu filho, você sabe que a imagem da Virgem de São Mateus está lá em cima na capela: nunca se esqueça dela, entende? É um quadro milagroso. Naquele tempo o Irmão estava quase totalmente cego. Desde a minha infância até quando entrei na Congregação Redentorista sempre vi o quadro acima do altar da capela doméstica dos Padres agostinianos, não havia devoção a ele, nem enfeite, nem sequer uma lâmpada para reconhecer a sua presença, ficava coberto de poeira e praticamente abandonado. Muitas vezes, quando eu ajudava a Missa lá, eu olhava para ele com grande atenção”. O Irmão Agostinho morreu em 1853, com 86 anos, sem ter visto realizado o seu desejo de que a Virgem do Perpétuo Socorro fosse de novo exposta à veneração pública.
A redescoberta do ícone
Em Janeiro de 1855, os Missionários Redentoristas adquiriram “Villa Caserta” em Roma, fazendo dela a Casa Generalícia da sua Congregação missionária, que se tinha espalhado pela Europa ocidental e América do Norte. Nesta mesma propriedade junto à Via Merulana, estavam as ruínas da Igreja e do Convento de São Mateus. Sem perceber, eles tinham adquirido o terreno que, muitos anos antes, tinha sido escolhido pela Virgem para seu santuário entre Santa Maria Maior e São João de Latrão. Começaram então a construção de uma igreja em honra do Santíssimo Redentor e dedicada a Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor. Em dezembro de 1855, um grupo de jovens começava seu noviciado na nova casa. Um deles era Michele Marchi. Os Redentoristas estavam extremamente interessados na história da sua nova propriedade. A 7 de fevereiro de 1863, ficaram intrigados com os questionamentos de um pregador jesuíta, Padre Francesco Blosi, que num sermão falou de um ícone de Maria que “tinha estado na Igreja de São Mateus na Via Merulana e era conhecido como a Virgem de São Mateus, ou mais corretamente a Virgem do Perpétuo Socorro”.
Em outra ocasião, o Cronista da comunidade redentorista, “examinando alguns autores que tinham escrito sobre as antiguidades romanas, encontrou referências à Igreja de São Mateus. Entre elas havia uma citação particular, mencionando que naquela igreja havia um antigo ícone da Mãe de Deus, que gozava de “grande veneração e fama por seus milagres”. Então, tendo contado tudo isto à comunidade, começaram a se perguntar onde poderia estar o quadro. Padre Marchi repetiu tudo o que ouvira do Irmão Agostinho Orsetti e disse a seus confrades que muitas vezes tinha visto o ícone e sabia muito bem 
onde se achava”.
Os Redentoristas recebem o ícone
Com esta nova informação, cresceu entre os Redentoristas o interesse por saber mais sobre o ícone e por recuperá-lo. O Superior Geral, Padre Nicholas Mauron, apresentou uma carta ao Papa Pio IX, na qual ele pedia à Santa Sé que lhe concedesse o Ícone para ser colocado na recém-construída Igreja do Santíssimo Redentor e de Santo Afonso. O Papa concedeu a licença. Conforme a tradição, Pio IX disse ao Superior Geral dos Redentoristas: “Fazei-a conhecida no mundo inteiro!”. Em janeiro de 1866, os Padres Michele Marchi e Ernesto Bresciani foram a Santa Maria in Postérula receber o quadro dos Agostinianos. Começou então o processo de restauração do ícone. A tarefa foi confiada a um artista polonês, Leopold Nowotny. Finalmente, no dia 26 de abril de 1866, a imagem era de novo exposta à veneração pública na igreja de Santo Afonso. Com este evento, começou o quarto estágio da história: a difusão do ícone no mundo inteiro.

Ícone é o nome dado a uma pintura que, não sendo apenas um quadro ou uma obra de arte, é carregada de significados sagrados e leva seu observador à oração. O Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é formado por quatro figuras: Nossa Senhora, o Menino Jesus e dois arcanjos. A aparição dos arcanjos com uma lança e a cruz mostram ao Menino Jesus os instrumentos de sua Paixão. Assustado corre aos braços da Mãe. Por causa do movimento brusco desamarra a sandália. Maria o acolhe com ternura e lhe transmite segurança. O olhar de Nossa Senhora não se dirige ao Menino, mas a nós. Porém, sua mão direita nos aponta Jesus, o Perpétuo Socorro. As mãos de Jesus estão nas mãos de Maria. Gesto de confiança do Filho que se apóia na Mãe. Na riqueza de seus símbolos, o ícone bizantino tem ainda muito a revelar.
Veja a explicação:

ABREVIATURA DE “ARCANJO SÃO MIGUEL”
Ele apresenta a lança, a vara com a esponja e o cálice da amargura.


  ABREVIATURA DE “ARCANJO GABRIEL”
Ele segura a cruz e os cravos, instrumentos da morte de Jesus.






ABREVIAÇÃO GREGA DE “MÃE DE DEUS”






ABREVIAÇÃO de Jesus Cristo






 ESTRELA no véu de Maria é a estrela-guia, que nos conduz como conduziu os reis magos, ao encontro com Jesus. Que nos   guia no mar da vida até o porto da salvação.






OS OLHOS DE MARIA, grandes, voltados sempre para nós, a fim de acolher-nos e ver todas as nossas necessidades.






A BOCA DE MARIA guarda silêncio. Ela que falava pouco, mas comunica muito a partir do seu olhar sereno. Guarda tudo em seu coração.





TÚNICA VERMELHA distinguia as virgens do tempo de Nossa Senhora. Sinal de pureza, mas também da força da fé.





MANTO AZUL, referência das mães daquela época. Maria é a virgem-mãe de Deus.






AS MÃOS DE JESUS apoiadas nas mãos de Maria, significando confiança total.





A MÃO ESQUERDA DE MARIA sustenta Jesus. A mão que apóia, acolhe e protege aqueles que, nos sustos da vida, correm para os braços da Mãe.





A SANDÁLIA DESATADA. Nos desesperos da vida, assustados pelas dificuldades e medos, corremos o risco de perder-nos. Mas resta ainda um fio que nos une à salvação.





O CENTRO DO ÍCONE. Maria, ao mesmo tempo que nos acolhe com seu olhar, com a mão aberta nos indica Jesus Cristo como nosso redentor, nosso Perpétuo Socorro.





O FUNDO todo do quadro é dourado e dele saem reflexos ressaltando as roupas e simbolizando a alegria do céu, para onde caminhamos levados pelo Perpétuo Socorro de Maria.





fonte:
www.perpetuosocorro.org

23 junho, 2015

24 de Junho - Natividade de São João Batista 

A Bíblia nos diz que Isabel era prima e muito amiga de Maria, e elas tinham o costume de visitarem-se. Uma dessas ocasiões foi quando já estava grávida: "Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo" (Lc 1,41). Ainda no ventre da mãe, João faz uma reverência e reconhece a presença do Cristo Jesus. Na despedida, as primas combinam que o nascimento de João seria sinalizado com uma fogueira, para que Maria pudesse ir ajudar a prima depois do parto.  Assim os evangelistas apresentam com todo rigor a figura de João como precursor do Messias, cujo dia do nascimento é também chamado de "Aurora da Salvação". É o único santo, além de Nossa Senhora, em que se festeja o nascimento, porque a Igreja vê nele a preanunciação do Natal de Cristo.  Ele era um filho muito desejado por seus pais, Isabel e Zacarias, ela estéril e ele mudo, ambos de estirpe sacerdotal e já com idade bem avançada. Isabel haveria de dar à luz um menino, o qual deveria receber o nome de João, que significa "Deus é propício". Assim foi avisado Zacarias pelo anjo Gabriel.  Conforme a indicação de Lucas, Isabel estava no sexto mês de gestação de João, que foi fixado pela Igreja três meses após a Anunciação de Maria e seis meses antes do Natal de Jesus. O sobrinho da Virgem Maria foi o último profeta e o primeiro apóstolo. "É mais que profeta, disse ainda Jesus. É dele que está escrito: eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele preparará o teu caminho diante de ti". Ou seja, o primo João inicia sua missão alguns anos antes de Jesus iniciar a sua própria missão terrestre. Lucas também fala a respeito da infância de João: o menino foi crescendo e fortificando-se em espírito e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel.  Com palavras firmes, pregava a conversão e a necessidade do batismo de penitência. Anunciava a vinda do messias prometido e esperado, enquanto de si mesmo deu este testemunho: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitarei o caminho do Senhor..." Aos que o confundiam com Jesus, afirmava com humildade: "Eu não sou o Cristo". e "Não sou digno de desatar a correia de sua sandália". Sua originalidade era o convite a receber a ablução com água no rio Jordão, prática chamada batismo. Por isso o seu apelido de Batista.  João Batista teve a grande missão de batizar o próprio Cristo. Ele apresentou oficialmente Cristo ao povo como Messias com estas palavras: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo".  Jesus, falando de João Batista, tece-lhe o maior elogio registrado na Bíblia: "Jamais surgiu entre os nascidos de mulher alguém maior do que João Batista. Contudo o menor no Reino de Deus é maior do que ele".  Ele morreu degolado no governo do rei Herodes Antipas, por defender a moralidade e os bons costumes. O seu martírio é celebrado em 29 de agosto, com outra veneração litúrgica.  São João Batista é um dos santos mais populares em todo o mundo cristão. A sua festa é muito alegre e até folclórica. Com muita música e danças, o ponto central é a fogueira, lembrando aquela primeira feita por seus pais para comunicar o seu nascimento: anel de ligação entre a antiga e a nova aliança.


21 junho, 2015

Homilia 21/junho/2015
Seminarista Thiago Mendonça

21 de Junho - São Luís Gonzaga 
Luís nasceu no dia 9 de março de 1568, na Itália. Foi o primeiro dos sete filhos de Ferrante Gonzaga, marquês de Castiglione delle Stiviere e sobrinho do duque de Mântua. Seu pai, que servia ao rei da Espanha, sonhava ver seu herdeiro e sucessor ingressar nas fileiras daquele exército. Por isso, desde pequenino, Luís era visto vestido como soldado, marchando atrás do batalhão ao qual seu pai orgulhosamente servia.  Entretanto, Luís não desejava essa carreira, pois, ainda criança fizera voto de castidade. Quando tinha dez anos, foi enviado a Florença na qualidade de pajem de honra do grão-duque de Toscana. Posteriormente, foi à Espanha, para ser pajem do infante dom Diego, período em que aproveitou para estudar filosofia na universidade de Alcalá de Henares. Com doze anos, recebeu a primeira comunhão diretamente das mãos de Carlos Borromeu, hoje santo da Igreja. Desejava ingressar na vida religiosa, mas seu pai demorou cerca de dois anos para convencer-se de sua vocação. Até que consentiu; mas antes de concordar definitivamente, ele enviou Luís às cortes de Ferrara, Parma e Turim, tentando fazer com que o filho se deixasse seduzir pelas honras da nobreza dessas cortes.  Luís tinha quatorze anos quando venceu as resistências do pai, renunciou ao título a que tinha direito por descendência e à herança da família e entrou para o noviciado romano dos jesuítas, sob a direção de Roberto Belarmino, o qual, depois, também foi canonizado. Lá escolheu para si as incumbências mais humildes e o atendimento aos doentes, principalmente durante as epidemias que atingiram Roma, em 1590, esquecendo totalmente suas origens aristocráticas. Consta que, certa vez, Luís carregou nos ombros um moribundo que encontrou no caminho, levando-o ao hospital. Isso fez com que contraísse a peste que assolava a cidade.  Luís Gonzaga morreu com apenas vinte e três anos, em 21 de junho de 1591. Segundo a tradição, ainda na infância preconizara a data de sua morte, previsão que ninguém considerou por causa de sua pouca idade. Mas ele estava certo. 
O papa Bento XIII, em 1726, canonizou Luís Gonzaga e proclamou-o Padroeiro da Juventude. A igreja de Santo Inácio, em Roma, guarda as suas relíquias, que são veneradas no dia de sua morte. Enquanto a capa que são Luís Gonzaga usava encontra-se na belíssima basílica dedicada a ele, em Castiglione delle Stiviere, sua cidade natal.


17 junho, 2015


17/junho - São Manuel

Com muita alegria contemplamos neste dia, a vida e morte de São Manuel, que tem o nome oriundo de Emanuel, que biblicamente significa "Deus-conosco". São Manuel tornou-se uma testemunha do Evangelho que mereceu o mais alto elogio: mártir do Senhor. 
No ano de 313 ocorreu no Império Romano, por parte de Constantino Magno, o Edito de Milão, que deu liberdade religiosa para todos os cultos inclusive o Cristão, o qual estava nas catacumbas devido à ignorância e perseguição de muitos imperadores. Infelizmente, com a morte de Constantino, quem assumiu foi seu sobrinho Juliano, o apóstata, ou seja, um traidor da fé Católica e renegador do Batismo, isto em 361.
Com a proclamação de Juliano como imperador, todo o império ficou cheio das mitologias pagãs e os cristãos começaram novamente a ser perseguidos, interna e externamente. Neste contexto é que aconteceu o martírio de São Manuel, já que sendo embaixador do império persa foi com outros cristãos, em missão de paz para negociar com Juliano. Ao saber que se tratava de cristãos, o tirano imperador obrigou-os a cultuarem os deuses, coisa que não aconteceu, por isso Manuel preferiu no ano de 363 ser decapitado juntamente com os outros fiéis a Cristo e Sua Igreja.

São Manuel, rogai por nós!...



Fonte: 
"Santos e Heróis do Povo", Cardeal Arns, Edições Paulinas 

15 junho, 2015

15 de Junho - São Vito

Vito nasceu no final do século III, na antiga cidade de Mazara, na Sicília ocidental, numa família pagã, muito rica e de nobre estirpe. Sua mãe morreu quando ele tinha tenra idade e seu pai, Halaz, contratou uma ama, Crescência, para cuidar do pequenino. Ela era cristã, viúva e tinha perdido o único filho havia pouco tempo, era de linhagem nobre, mas em decadência financeira. Ele ainda providenciou um professor, chamado Modesto, para instruir e formar seu herdeiro. Entretanto, o professor também era cristão.  Halaz era um obstinado pagão que encarava o cristianismo como inimigo a ser combatido. Por isso Modesto e Crescência nunca revelaram que eram seguidores de Cristo, contudo educaram o menino dentro da religião. Dessa forma, aos doze anos, embora clandestinamente, Vito já estava batizado e demonstrava identificação total com os ensinamentos de Jesus.   Ao saber do batismo, o pai tentou convencê-lo a abandonar a fé, o que não deu resultado. Halaz partiu para a força e castigou o próprio filho, entregando-o, então, ao governador Valeriano, que o encarcerou e maltratou por vários dias, tentando fazer Vito abdicar de sua fé. Modesto e Crescência, entretanto, conseguiram arquitetar uma fuga e, segundo a tradição, com a ajuda de um anjo, tiraram Vito das mãos do poderoso governador. Fugiram os três para Lucânia, em Nápoles, onde esperavam encontrar paz. Mas depois de algum tempo foram reconhecidos e passaram a viver de cidade em cidade, fugindo dos algozes.  Neste período, Vito, que desde os sete anos havia manifestado dons especiais, patrocinou muitos prodígios. Como o mais célebre deles, lembrado pela tradição, quando ele ressuscitou, em nome de Jesus, um garoto que tinha sido estraçalhado por cães raivosos.  A perseguição a eles teve uma trégua apenas quando o filho epilético do imperador Diocleciano ficou muito doente. O soberano, tendo conhecimento dos dons de Vito, mandou que o trouxessem vivo à sua presença. Na oportunidade, pediu que ele intercedesse por seu filho. Vito, então, rezou com todo fervor e em nome de Jesus foi logo atendido. Porém Diocleciano pagou com a traição. Mandou prender Vito, que não aceitou renegar a fé em Cristo para ser libertado. Diante da negativa, foi condenado à morte, que ocorreu no dia 15 de junho, possivelmente de 304, depois de muitas torturas, quando ele tinha apenas quinze anos de idade.  Esta narrativa é tão antiga que alguns acontecimentos podem ser, em parte, apenas uma vigorosa tradição cristã. Como esta outra que diz que Vito, Modesto e Crescência teriam sido levados diante da multidão no Circo, submetidos a torturas violentíssimas e, finalmente, jogados aos cães raivosos. Entretanto, um milagre os salvou. Os cães, em vez de atacá-los, deitaram-se aos seus pés. Irado, o sanguinário Diocleciano mandou que fossem colocados dentro de um caldeirão com óleo quente, onde morreram lentamente.
O jovem mártir Vito existiu conforme consta no Martirológio Gerominiano, enquanto Modesto e Crescência só foram incluídos no calendário da Igreja no século XI. Suas relíquias, que depois de sua morte foram sepultadas em Roma, em 755 foram enviadas para Paris. Mais tarde, foram entregues ao santo rei da Boêmia, Venceslau, que era muito devoto do santo. Em 958, esse rei fez construir a belíssima catedral que leva o nome de São Vito e que conserva suas relíquias até hoje. 
Desde a Idade Média, ele é considerado um dos "quatorze santos auxiliares", os santos cuja intercessão é muito eficaz em ocasiões específicas e para cura determinada. No caso de são Vito, principalmente na Europa, é invocado para a cura da epilepsia da "coréia", doença conhecida popularmente como "doença de São Vito", e da mordida de cão raivoso. Além de ser padroeiro de muitas localidades.




14 junho, 2015

14-junho-2015
Padre Marcos Daniel de Moraes Ramalho

13 junho, 2015

13 de Junho - Santo Antônio de Pádua 

Santo Antônio de Pádua é tão conhecido por seu nome de ordenação que chamá-lo pelo nome que recebeu no batismo parece estranho: Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo. Além disso, ele era português: nasceu em 1195, em Lisboa. De família muito rica e da nobreza, ingressou muito jovem na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Fez seus estudos filosóficos e teológicos em Coimbra e foi lá também que se ordenou sacerdote. Nesse tempo, ainda estava vivo Francisco de Assis, e os primeiros frades dirigidos por ele chegavam a Portugal, instalando ali um mosteiro. Os franciscanos eram conhecidos por percorrer caminhos e estradas, de povoado em povoado, de cidade em cidade, vestidos com seus hábitos simples e vivendo em total pobreza. Esse trabalho já produzia mártires. No Marrocos, por exemplo, vários deles perderam a vida por causa da fé e seus corpos foram levados para Portugal, fato que impressionou muito o jovem Fernando. Empolgado com o estilo de vida e de trabalho dos franciscanos, que, diversamente dos outros frades, não viviam como eremitas, mas saiam pelo mundo pregando e evangelizando, resolveu também ir pregar no Marrocos. Entrou para a Ordem, vestiu o hábito dos franciscanos e tomou o nome de Antônio.  Entretanto seu destino não parecia ser o Marrocos. Mal chegou ao país, contraiu uma doença que o obrigou a voltar para Portugal. Aconteceu, porém, que o navio em que viajava foi envolvido por um tremendo vendaval, que empurrou a nave em direção à Itália. Antônio desembarcou na ilha da Sicília e de lá rumou para Assis, a fim de encontrar-se com seu inspirador e fundador da Ordem, Francisco. Com pouco tempo de convivência, transmitiu tanta segurança a ele que foi designado para lecionar teologia aos frades de Bolonha.  Com apenas vinte e seis anos de idade, foi eleito provincial dos franciscanos do norte da Itália. Antônio aceitou o cargo, mas não ficou nele por muito tempo. Seu desejo era pregar, e rumou pelos caminhos da Itália setentrional, praticando a caridade, catequizando o povo simples, dando assistência espiritual aos enfermos e excluídos e até mesmo organizando socialmente essas comunidades. Pregava contra as novas formas de corrupção nascidas do luxo e da avareza dos ricos e poderosos das cidades, onde se disseminaram filosofias heréticas. Ele viajou por muitas regiões da Itália e, por três anos, andou pelo Sul da França, principal foco dessas heresias.  Continuou vivendo para a pregação da palavra de Cristo até morrer, em 13 de junho de 1231, nas cercanias de Pádua, na Itália, com apenas trinta e seis anos de idade. Ali, foi sepultado numa magnífica basílica romana. Sua popularidade era tamanha que imediatamente seu sepulcro tornou-se meta de peregrinações que duram até nossos dias. São milhares os relatos de milagres e graças alcançadas rogando seu nome. Ele foi canonizado no ano seguinte ao de sua morte pelo papa Gregório IX.  Na Itália e no Brasil, por exemplo, ele é venerado por ajudar a arranjar casamentos e encontrar coisas perdidas. Há também uma forma de caridade denominada "Pão de Santo Antonio", que copia as atitudes do santo em favor dos pobres e famintos. No Brasil, ele é comemorado numa das festas mais alegres e populares, estando entre as três maiores das chamadas festas juninas.
No ano de 1946, foi proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII.


13-junho-2015 -Imaculado Coração de Maria

A liturgia propõe esta memória para o dia seguinte ao da grande festa do Coração de Jesus. Assim, depois da solenidade com que se celebra o Coração do Salvador, fazemos uma memória mais discreta do Coração da Mãe, da toda santa, da obra prima do Espírito.
O coração humano
Foi dito que somente os homens têm coração; os animais, no máximo, têm músculo cardíaco. Por isso, al falar do coração, nos deparamos com algo distinto e essencial para a nossa espécie humana. A palavra “coração” fica, em certas épocas, como que uma voz desgastada pelo uso e pelo abuso, talvez por um sentimentalismo decadente. Mas sempre renasce; porque é uma palavra chave da língua, uma “proto-palavra”, isto é, uma palavra de capital importância e de primeiríssima fila.
A Escritura nos apresenta toda uma gama de dimensões do coração. O coração é o centro da pessoa, sua interioridade mais profunda, a sede do conhecimento sapiencial, o lugar de onde brotam as decisões, a profundidade em que surgem o amor e a fidelidade, a fronteira onde homem se encontra com Deus e se encontra com ele mesmo, o espaço sagrado em que Deus faz ressoar sua palavra, exerce sua salvação, derrama seu amor e deposita o dom do seu Espírito. Vejamos os textos da Escritura sagrada:
O coração é o centro da pessoa e da sua interioridade mais profunda: “Eu porei minha lei no fundo do seu ser e a escreverei em seu coração” (Jer. 31, 33).
É o núcleo do qual surgem decisões: “Havia decidido em meu coração edificar uma casa onde descansasse a arca da aliança do Senhor” (1Cro 28, 2).
É a profundidade de onde nasce o amor e a fidelidade: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma, com toda tua mente, com todo teu ser” (Dt 6,5; Mt 22,37; Mc 12,30; cf Dt 13,4); “Eu vos darei um coração novo e vos infundirei meu espírito novo; vos arrancarei o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Infundirei meu espírito em vós e farei que vivais segundo meus mandamentos, observando e guardando minhas leis” (Ez 36,26-27).
É a fronteira onde o homem se encontra com Deus e o órgão da sua procura e do encontro: “Então procurarás ali (entre as nações) o Senhor teu Deus e o encontrarás, se o procuras com todo teu coração e com toda tua alma” (Dt 4, 29).
É o âmbito em que Deus faz ressoar sua palavra de amor, consolo, rejeição:“Levá-la-ei ao deserto e habitarei seu coração” (Os 2, 16); “falai ao coração de Jerusalém” (Is 40, 2); “a todo israelita que se entrega a seus ídolos, se logo consulta o profeta, lhe responderei eu mesmo, o Senhor... Assim chegarei até o coração dos israelitas que se distanciaram de mim... eu mesmo, o Senhor, lhe responderei” (Ez 14, 4-5.7).
É a profundidade onde Deus justifica, derrama seu amor e deposita seu Espírito: “quando se crê com o coração, age a força salvadora de Deus” (Rm 10, 10); “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5; Gl 4, 6).
Percebemos assim como no coração, para a tradição bíblica e cristã, estão presentes, não só os sentimentos, mas todas as dimensões da pessoa: o conhecer, o querer, a decisão moral, o amor humano e teologal.
O  Coração de Maria,
O símbolo “Coração de Maria” nos evoca o mundo de sentimentos da Mãe do Senhor: Ela conhece a alegria transbordante (cf Lc 1, 28.47), mas também a perturbação (cf Lc 1, 29), a perda (cf Lc 2, 35), as procuras e as angústias (cf Lc 22, 48). Maria é, mesmo assim, aquela que crê, que“guarda e medita em seu coração” as manifestações de Jesus, desde o nascimento (Lc 2, 19), ou de mais tarde, na primeira Páscoa do menino (2, 51); o coração de Maria aparece então como “o berço de toda meditação cristã sobre os mistérios de Cristo” (J. M. Alonso). Maria é, ainda, modelo do verdadeiro discípulo, que escuta a Palavra, a conserva no coração e dá fruto com perseverança (Lc 8, 11-15. 19-21 e 11, 27-28). Maria é, enfim, a mulher nova que vive sem reservas nem cálculos o dom e os afãs do amor: “o Coração de Maria é seu amor; seu coração é o centro do seu amor a Deus e aos homens” (Claret).
Desenvolvamos este último ponto, começando pelo amor a Deus. Se as veias de Maria tivessem sido abertas alguma vez, teria acontecido, e com razão, o que se conta de um místico: abriram-lhe as veias e o sangue, ao cair, em vez de formar uma poça, traçava letras, que iam compondo um nome, o nome de Deus. Pois, até este ponto O levava dentro de seu próprio sangue. Tão“perdidamente enamorado dele estava”.
Maria, sob o título do seu Coração, nos mostra que a vida cristã não se sujeita a uma lei, a um sistema doutrinal, a cumprir um ritual em que se honra a Deus com os lábios. Ser cristão é viver uma relação de acolhida, confiança e entrega a Deus vivo; é uma adesão pessoal a Cristo. Desde aí se viverá a obediência à vontade de Deus, se acolherá o ensinamento do evangelho, se adorará a Deus em espírito e verdade.
Sobre o amor de Maria aos homens nos fala o Papa João Paulo II. “Jesus, dizia o Papa na encíclica Dives in misericordia, n 9, manifestou seu amor ‘misericordioso’ antes de tudo no contato com o mal moral e físico. Neste amor participa de maneira particular e excepcional o coração da que foi Mãe do Crucificado e do Ressuscitado... Nela e por Ela, tal amor não cessa de revelar-se na história da Igreja e da humanidade. Tal revelação é especialmente frutuosa, porque se funda, por parte da Mãe de Deus, sobre o tato singular do seu coração materno, sobre sua sensibilidade particular, sobre sua especial aptidão para chegar a todos aqueles que aceitam mais facilmente o amor misericordioso da parte de uma mãe”.
Mas o Papa convida em outro lugar a destacar sobretudo o amor preferencial pelos pobres: “A Igreja, acudindo ao Coração de Maria, à profundidade da sua fé, expressa nas palavras do Magnificat, renova cada vez melhor em si a consciência de que não se pode separar a verdade sobre Deus que salva, sobre Deus que é fonte de todo dom, da manifestação do seu amor preferencial pelos pobres e humildes, que, cantado no Magnificat, se encontra expressado nas palavras e obras de Jesus” (Redemptoris Mater, 37).
O Coração de Maria se mostra assim como um coração grande e cheio de nomes, especialmente dos nomes dos últimos, dos mais pequeninos. Por isso a apresentarão alguns como a mulher toda coração.
Os mistérios de Maria através do seu coração.
A tradição eclesial tem esclarecido cada vez mais a história teologal de Maria e a tem proclamado Mãe de Deus, Virgem, Imaculada, Assunta. Quando se olham por meio do seu coração, se percebe melhor a verdade destes mistérios, sem despojá-los da dimensão concreta e corporal que podem ter, ou que de fato têm. Desde Prudêncio e Santo Agostinho, na Igreja latina se contempla a maternidade de Maria desde esta realidade-chave do seu coração: dizem-nos que, pela fé, Maria concebeu Jesus antes em seu coração que em seu seio; e também que “de nada lhe valeria a Maria sua dignidade materna se não tivesse levado Cristo em seu coração antes que em sua carne”. Deste modo podemos contemplar em Maria um coração materno.
A virgindade de Maria não se reduz à sua integridade física e à concepção de Jesus por obra do Espírito Santo sem concurso de homem; remete-nos à virgindade como realidade religiosa, como amor indiviso a Deus e entrega às pessoas, talvez como pobreza corporal. Assim nos é mostrado na mãe do Senhor a presença de um coração virginal.
A concepção imaculada de Maria consiste neste mistério de graça redentora pelo qual seu coração foi habitado pela Trindade desde o primeiro momento. O de Maria foi sempre e desde sempre um coração imaculado.
História da piedade e da liturgia
Os Santos Padres tinham refletido já sobre o coração da Mãe do Salvador, mas somente mais tarde apareceu a devoção cordimariana. Os primeiros testemunhos procedem do século VIII. A partir de São Bernardo (séc. XII), vários deles expressarão uma vivência cordimariana impregnada de humanismo religioso. Depois da reforma protestante (séc. XVI), que acaba deixando de lado Maria, emerge uma piedade humanista ressaltando o coração de Maria, representada por São Pedro Canísio e São Francisco de Sales.
O jansenismo, no século XVII, apresentará uma imagem de Deus opressora das consciências. Deus era mostrado como santidade infinita que espanta e afasta, como origem de uma lei que só revela nossa fragilidade e pecado. Esta infeliz representação de Deus chegava ao povo por distintas vias: por certa pregação das verdades eternas, pelos devocionários e livros de meditação e, talvez mais ainda, pelos confessores rigoristas.
Naquele ambiente, São João Eudes (1601-1680) será o grande promotor da devoção aos sagrados corações de Jesus e Maria. Sobre o objeto da devoção a este último escrevia: “Desejamos honrar na Virgem Mãe de Jesus não somente um mistério ou uma ação, como o nascimento, a apresentação, a visitação, a purificação, não só algumas das suas prerrogativas, como o ser mãe de Deus, filha do Pai, esposa do Espírito Santo, templo da santíssima Trindade, rainha do céu e da terra; nem somente sua digníssima pessoa, mas desejamos honrar nela, antes de tudo, e principalmente a fonte e a origem da santidade e da dignidade de todos seus mistérios, de todas suas ações, de todas suas qualidades e da sua mesma pessoa, isto é, seu amor e sua caridade, já que, segundo todos os santos doutores, o amor e a caridade são a medida do mérito e o princípio de toda santidade”.
A partir de 1643, se começou a celebrar a festa do Coração de Maria, que foi aprovada, anos depois, por numerosos Bispos, apesar da oposição dos jansenistas e, em 1668, o cardeal legado da França a confirmou. Em Roma se negou o pedido de estabelecer a festa, por apresentar certas dificuldades doutrinais. Em 1805, foi concedida a celebração a todos os que solicitassem expressamente a Roma. Em 1855, a Congregação de Ritos aprovou novos textos, mas com a mesma restrição.
Esplendor e vicissitudes no século XX
No dia 31 de outubro de 1942, no aniversário das aparições de Fátima, Pio XII consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria: “A Vós, ao vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica da história humana, consagramos não só a santa Igreja..., mas também todo o mundo tomado por funestas discórdias”. No dia 4 de maio de 1944, o Papa estendeu a toda Igreja latina a festa litúrgica do Imaculado Coração de Maria, fixando a data para o dia 22 de agosto, oitava da Assunção.
A devoção tinha vingado em toda uma rede de expressões: a consagração pessoal ao Imaculado Coração, a Arquiconfraria instaurada em muitos povoados e cidades, graças às missões populares, a novena solene concluída com uma procissão grandiosa em que se levavam estandartes e a venerada imagem sentada em um trono, a devoção dos primeiros sábados do mês, promovida pelas aparições de Fátima, a peregrinação da capelinha do Coração de Maria pelas casas, os escapulários e insígnias que levavam os devotos, as práticas diárias, semanais e mensais de reparação ao Coração de Maria ofendido pelos pecadores.
E antes do Concílio Vaticano II se registraram notáveis mudanças na imagem de Maria: é reduzida certa retórica das grandezas e dos privilégios e se contempla Maria de Nazaré inserida na longa história do Povo de Deus. Destaca-se mais sua condição de serva que seu régio esplendor de soberana, mais sua exemplaridade que seu poder. Cai-se na conta que Ela também viveu a fé passando pelo desconcerto, pela obscuridade, inclusive, pela noite (cf Lc 2, 50); que seu amor a Deus conheceu a secura, a prova, quiçá abandono parecido ao do seu Filho; que teve de manter sua esperança apesar de aparências contrárias. Maria viveu deste modo, desde dentro, desde o coração, a peregrinação da fé, os caminhos árduos do amor, os combates da esperança.
Por um lado, as práticas assinaladas acima conheceram uma forte crise causada por distintos fatores: a renovação litúrgica e a celebração eucarística vespertina propiciaram o eclipse ou o desaparecimento das devoções. A linguagem sobrecarregada de epítetos, teologicamente fracos, talvez inclusive demasiadamente doces, não cabia mais nos costumes das novas gerações. Uma tendência iconoclasta rejeitava tudo o que era pré-conciliar e suas características triunfalistas. Uma nova estima pela Palavra de Deus deslocava o anterior interesse pelas mensagens das aparições. A secularização da sociedade, a busca por uma nova forma de presença cristã no mundo e quiçá também certo complexo de vergonha levou à supressão das manifestações religiosas massivas pelas ruas. Uma nova consciência eclesial terá como repercussão o abandono de devoções características dos Institutos religiosos, vistas como formas de capelismo.
No entanto, novas experiências e reflexões parecem contribuir para um novo renascer. Assinalamos, entre outras, a recuperação da riqueza teológica bíblica apontada mais acima e a renovada consideração do mistério de Maria: a gozosa mensagem que seu coração nos transmite sobre as profundidades a que chega a obra do Espírito, a rica interioridade deste coração sábio que guarda e medita a história de Jesus e compara esta obra nova de Deus com sua ação no passado de Israel, a força profética de seu canto (o Magnificat), a chamada com que este coração de mãe faz ao cultivo de um elemento materno nos evangelizadores.
Um coração harmonioso
Nas novas Missas da Virgem Maria aprovadas por João Paulo II em 1986 se oferece uma celebração do Coração de Maria. No prefácio se desenha uma bela imagem do coração novo da Mãe de Jesus. A comunidade, dirigindo-se a Deus, apresenta em oito notas, quatro acordes, seus motivos de ação de graças com estas palavras: “Deste à Virgem Maria um coração sábio e dócil, disposto sempre a agradar-te; um coração novo e humilde, para gravar nele a lei da nova Aliança; um coração simples e limpo, que a fez digna de conceber virginalmente teu Filho e a fez idônea para contemplar-te eternamente; um coração firme e disposto para suportar com fortaleza a espada de dor e esperar, cheia de fé, a ressurreição do seu Filho”. Esta realidade nova nós a celebramos com alegria na memória do Coração de Maria.

Pablo Largo Domínguez CMF
fonte:
www.claretianos.com.br

12 junho, 2015

12 de Junho - Santo Onofre

Onofre foi um eremita que viveu no Egito no final do século IV e início do século V. Ele foi encontrado por um abade chamado Pafúncio. Acostumado a fazer visitas a alguns eremitas na região de Tebaida, esse abade empreendeu sua peregrinação a fim de descobrir se também seria chamado a vivê-la.  Pafúncio perambulou no deserto durante vinte e um dias, quando, totalmente exausto e sem forças, caiu ao chão. Nesse instante, viu aparecer uma figura que o fez estremecer: era um homem idoso, de cabelos e barbas que desciam até o chão, recoberto de pêlos tal qual um animal, usando uma tanga de folhas.  Era comum os eremitas serem encontrados com tal aspecto, pois viviam sozinhos no isolamento do deserto e eram vistos apenas pelos anjos. No final, ficavam despidos porque qualquer vestimenta era difícil de ser encontrada e reposta.  No primeiro instante, Pafúncio pôs-se a correr, assustado, com aquela figura. Porém, minutos depois, essa figura o chamou dizendo que nada temesse, pois também era um ser humano e servo de Deus. O abade retornou ao local e os dois passaram a conversar. Onofre disse a Pafúncio o seu nome e explicou-lhe a sua verdadeira história. Era monge em um mosteiro, mas sentira-se chamado à vida solitária. Resolveu seguir para o deserto e levar a vida de eremita, a exemplo de são João Batista e do profeta Elias, vivendo apenas de ervas e do pouco alimento que encontrasse.  Onofre falou sobre a fome e a sede que sentira e também sobre o conforto que Deus lhe dera alimentando-o com os frutos de uma tamareira que ficava próxima da gruta que era sua moradia. Em seguida, conduziu Pafúncio à tal gruta, onde conversaram sobre as coisas celestes até o pôr-do-sol, quando apareceu, repentinamente, diante dos dois, um pouco de pão e água que os revigorou. Pafúncio falou a ele sobre seu desejo de tornar-se um eremita. Mas Onofre disse que não era essa a vontade de Deus, que o tinha enviado para assistir-lhe a morte. Depois, deveria retornar e contar a todos sua vida e o que presenciara. Pafúncio ficou, e assistiu quando um anjo deu a eucaristia a Onofre antes da morte, no dia 12 de junho.

Retornando à cidade, escreveu a história de santo Onofre e a divulgou por toda a Ásia. A devoção a este santo era muito grande no Oriente e passou para o Ocidente no tempo das cruzadas. O dia 12 de junho foi mantido pela Igreja, tendo em vista a época em que Pafúncio viveu e escreveu o livro da vida de santo Onofre, que buscou de todas as maneiras os ensinamentos de Deus.


11 junho, 2015

12/junho/2015 
Iremos celebrar com grande alegria, na próxima sexta-feira, dia 12 de junho, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Com esta solenidade a Mãe Igreja, em todo o mundo, é convidada a fazer a sua jornada mundial de orações pelos sacerdotes.  O culto litúrgico ao Sagrado Coração de Jesus na sexta-feira seguinte ao Corpus Christi teve início no século XVII, com São João Eudes († 1680) e Santa Margarida Alacoque († 1690), embora a devoção remonte aos séculos XIII e XIV, recebendo a primeira aprovação pontifícia um século mais tarde. Em 1856, o papa Pio IX estendeu a festa a toda a Igreja, e em 1928 Pio XI lhe deu a máxima categoria litúrgica. A reforma pós-conciliar renovou profundamente seus textos, com base no formulário da missa composto por ordem de Pio XI. Sabemos, porém, que o que essa devoção nos anuncia vem da revelação: o amor de Deus anunciado a nós por Jesus Cristo Nosso Senhor, que deu sua vida por todos nós.  Para o Papa Bento XVI, o culto ao Sagrado Coração de Jesus confunde-se com a história do Cristianismo. Ao compreendermos que o mistério do amor de Deus sobre nós é conhecido por meio da manifestação deste amor de forma mais profunda na Encarnação e também na Paixão e morte de Jesus na Cruz. Ensina o Papa Emérito: “Por outro lado, esse mistério do amor de Deus por nós não constitui só o conteúdo do culto e da devoção ao Coração de Jesus: é, ao mesmo tempo, o conteúdo de toda verdadeira espiritualidade e devoção cristã. Portanto, é importante sublinhar que o fundamento dessa devoção é tão antigo como o próprio cristianismo. De fato, só se pode ser cristão dirigindo o olhar à Cruz de nosso Redentor, “a quem transpassaram” (João 19, 37; cf. Zacarias 12, 10)”.  Assim, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus dá-se não só pelo mero cumprimento devocional, mas como um profundo mergulhar na vivência radical do Evangelho. Inserindo-se no coração aberto de Jesus, inseri-se na vida de Cristo e na união de vontades, e tem como fruto uma relação viva entre Deus e o homem.  Ensina o Papa emérito que: “A resposta ao mandamento do amor se faz possível só com a experiência de que este amor já nos foi dado antes por Deus (cf. encíclica «Deus caritas est», 14). O culto do amor que se faz visível no mistério da Cruz, representado em toda celebração eucarística, constitui, portanto, o fundamento para que possamos converter-nos em instrumentos nas mãos de Cristo: só assim podemos ser arautos críveis de seu amor. Esta abertura à vontade de Deus, contudo, deve renovar-se em todo momento: «O amor nunca se dá por “concluído” e completado» (cf. encíclica «Deus caritas est», 17). Acho oportuno que neste mês de junho, em preparação para a festa do Sagrado Coração de Jesus, façamos um esforço de conhecer, ler, estudar e meditar a Carta Encíclica Haurietis Aquas, do Sumo Pontífice Papa Pio XII, sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus. O Papa Pio XII ensinou, com propriedade, que, também a Igreja e os sacramentos são dons do sagrado coração de Jesus. Diz o Papa: "Não se pode, pois, duvidar de que, participando intimamente da vida do Verbo encarnado, e pelo mesmo motivo sendo, não menos do que os demais membros da sua natureza humana, como que instrumento conjunto da Divindade na realização das obras da graça e da onipotência divina,(28), o Sagrado Coração de Jesus é também símbolo legítimo daquela imensa caridade que moveu o nosso Salvador a celebrar, com o derramamento do seu sangue, o seu místico matrimônio com a Igreja: "Sofreu a paixão por amor à Igreja que Ele devia unir a si como esposa".(29) Portanto, do coração ferido do Redentor nasceu a Igreja, verdadeira administradora do sangue da redenção, e do mesmo coração flui abundantemente a graça dos sacramentos, na qual os filhos da Igreja bebem a vida sobrenatural, como lemos na sagrada liturgia: "Do coração aberto nasce a Igreja desposada com Cristo... Tu, que do coração fazes manar a graça".(30) A respeito desse símbolo, que nem mesmo dos antigos Padres, escritores e eclesiásticos foi desconhecido, o Doutor comum, fazendo-se eco deles, assim escreve: "Do lado de Cristo brotou água para lavar e sangue para redimir. Por isso, o sangue é próprio do sacramento da Eucaristia; a água, do sacramento do Batismo, o qual, entretanto, tem força para lavar em virtude do sangue de Cristo".(31) O que aqui se afirma do lado de Cristo, ferido e aberto pelo soldado, cumpre aplicá-lo ao seu coração, ao qual, sem dúvida, chegou a lançada desfechada pelo soldado, precisamente para que constasse de maneira certa a morte de Jesus Cristo. Por isso, durante o curso dos séculos, a ferida do coração sacratíssimo de Jesus, morto já para esta vida mortal, tem sido a imagem viva daquele amor espontâneo com que Deus entregou seu Unigênito pela redenção dos homens, e com o qual Cristo nos amou a todos tão ardentemente que a Si mesmo se imolou como hóstia cruenta no Calvário: "Cristo amou-nos e ofereceu-se a Deus em oblação e hóstia de odor suavíssimo" (Ef 5, 2) “(Cf. Haurietis Aquas, 39).  A Igreja estima muito a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e, particularmente o Apostolado da Oração nos matricula na escola do Coração de Cristo, porque a Igreja e todos os batizados são dons do Sagrado Coração de Jesus. A ternura e a acolhida de Cristo para com todos deve ser o apanágio de nossa devoção ao Coração de Cristo, que sempre acolheu e nos ensina a acolher e a evangelizar. Portanto, prestar culto ao Sagrado Coração de Cristo significa adorar aquele Coração que, depois de nos ter amado até o fim, foi trespassado por uma lança e do alto da Cruz derramou sangue e água, fonte inexaurível de vida nova.  A festa do Sagrado Coração é também o Dia Mundial pela Santificação dos Sacerdotes, ocasião propícia para rezar a fim de que os presbíteros nada anteponham ao amor de Cristo. Que nossos sacerdotes possam, a exemplo do que representa a imagem do Sagrado Coração de Jesus, lançar a sua mão direita, aberta para o infinito, convocando todos os que estão à margem para procurarem o Coração de Cristo, que é a Igreja. E nossas mãos esquerdas, a exemplo da imagem do Sagrado Coração, sejam sempre dirigidas, com nossos atos, para o Coração de Cristo, que a todos nós acolhe, ama, perdoa e nos fortaleza na missão de testemunhar o Ressuscitado!
Levemos o amor do Coração de Cristo às periferias e que nossas lideranças e clero promovam uma nova evangelização.
Sagrado Coração de Jesus, temos confiança em vós!

fonte:
www.arqrio.org.br